A última posta do Luizinho, aqui mesmo por baixo, citando uma
outra do blog
1906 Luta & Resiste, suscitou-me alguns pensamentos pré-natalícios. Deve ser do bolo rei...
O "esquema", a dissimulação e o engano são práticas que encontramos com mais frequência do que se poderia imaginar no reino animal. Estas práticas são conhecidas e parecem estar ligadas ao tamanho do cérebro.
O que nos distingue, a nós que praticamos esta arte como com mestria, dos macacos e dos golfinhos (duas das muitas espécies conhecidas por usarem truques do género na sua interacção com os membros da mesma espécie e até com membros de outras espécies) é que poderemos ser capazes de enganar o próximo, mas também temos o discernimento necessário para perceber que tudo isto acaba por nos ser desfavorável porque nos retira a confiança que os restantes membros da sociedade em nós depositam e nos deixa sozinhos.
Por outro lado, dizem os cientistas, a dissimulação, o engano e o "esquema" contituem um comportamento mais "natural" do que se imagina. Assim como parece ser "natural", imaginem vocês, a nossa propensão para nos deixarmos enganar. Queremos acreditar que tudo o que os nossos entes queridos nos dizem, por exemplo, é verdade, e confiamos, sobretudo, muito naqueles em quem delegamos o nosso poder, de uma forma muitas vezes algo ingénua.
Alguns desportos e jogos (pelo menos para mim!) constituem uma forma superior de o ser humano ultrapassar e sublimar algumas destas tendências mais atávicas.
A metáfora da guerra tem sido muitas vezes usada para ilustrar os desportos como o futebol, por exemplo. Eu concordo com essa interpretação. No campo estão de facto dois "exércitos", empunhando as "armaduras", as bandeiras e as "armas" de um exército verdadeiro. E o golo parece de facto o símbolo do golpe fatal infligido ao "inimigo". Mas, um jogo de futebol, como todos os jogos em geral, é também, em não pequena medida, um ritual de dissimulação e engano. Com uma diferença não despicienda: a tentativa de enganar é assumida, e é um dado mutuamente aceite que isso tem de ser feito dentro de regras pré estabelecidas.
Com este tipo de actividades, os humanos sublimam de um modo razoavelmente saudável as tendências animalescas que o seu volumoso neocórtex os impele a pôr em prática.
Dentro das regras, e, sobretudo, dentro de campo.
Dentro de campo verifica-se muitas vezes, infelizmente, a falta ou a aplicação canhestra das regras. Mas, continuamos dentro da metáfora. Mesmo ao não aplicar as regras o jogo de certa forma continua. O pior é quando os propósitos "terapêuticos" da prática desportiva são levados para fora das quatro linhas, para as secretarias, para os corredores e gabinetes dos clubes, associações e outros organismos que promovem essa prática desportiva. O engano, a dissimulação, a finta e o esquema são usados pelos dirigentes contra os adeptos, como se estivéssemos todos em competição.
Os "esquemas" dos figurões que o blog 1906 Luta & Resiste vem há muito tempo denunciando, e, em geral, a actuação desta direcção do SCP e de alguns apêndices, colocados "em campo" com mais ou menos habilidade são isso mesmo: uma tentativa de nos iludir, de nos fintar e de "jogar" no terreno da gestão do clube como se estivéssemos no terreno da competição desportiva. Era bom que os adeptos abrissem de vez os olhos para tudo isto. Estamos a ser fintados!
Alguma investigação feita sobre chimpanzés e orangotangos em cativeiro dá conta de casos de animais que conseguem atrair e conquistar a simpatia de humanos crédulos, agitando com ar aparentemente descontraído um pedacinho de palha e arvorando uma expressão amistosa, para depois, quando esses humanos se aproximam das grades, os prenderem e lhes ferrarem um mordidela.
Vocês conseguem ver o macacão do Soares Franco e a sua pandilha com uma palhinha na mão e ar inocente a tentar cativar-nos para depois nos pregar a ferroada? Eu consigo...