domingo, 2 de março de 2008

Porque razão somos hoje tão poucos sócios? - II

…continuação…

Isto não é Inglaterra, nem isto é o Manchester United!
Não temos mercado nem condições para viver à custa de camisolas vendidas; não vamos fidelizar para sempre uma quota mensal apenas com base em descontos nas gasolineiras e na Cosmos (Por Vukevic! Estes roquetistas são doidos!!!), nem com base no nosso inexistente futebol de primeira categoria mundial. Uma última insignificância: mesmo o MU não tem um estádio em que se torna impossível pedir um autógrafo a um jogador. Eu sei que dá um ar muito mais higiénico realizar sessões de autógrafos nas acções promocionais oficiais do que a caça ao autógrafo (ou ao apupo) à porta, mas caramba!, lá se vai a intimidade estabelecida. Quem é que se exalta com uma cópia depois de ter tido o original?

Pequenas grandes coisas cuja importância, sabe-se lá porquê, nunca entraram na cabeça de alguns. E é por estas todas e por outras maiores (política da SAD no futebol, eclipse do pavilhão, ecletismo anoréctico, venda de terrenos… you name it) que fomos perdendo “fidelizações”.
Estas estratégias centradas no mercado recriam a relação do sócio com o clube numa base de “proximidade mediada” que poderá incrementar em muitos sócios, principalmente aqueles (muitos) que estão mais distantes de Lisboa, a sensação de participação na vida do clube. Contudo, sem fomentar outro tipo de proximidade, mais mês menos mês, o filão esgota-se quando o sócio racionalmente chegar à conclusão de que pagar €12 para ter direito a alguns descontos é menos vantajoso do que se aderir a uma nova promoção que todos os dias por aí aparecem (aliás, esta ‘nóia’ dos protocolos comerciais parece-me o repisar de um chão que já deu uva. E muitas vezes da mijona.).
É isso que irá suceder com o pequeno Lourenço Borges - o primeiro sócio S3G apresentado no jogo com o Estrela – se o quiserem transformar num mero cliente como outro qualquer. Razão com razão se paga. É que nem todos são doentes pelo clube, a maioria tem juízo ou contas por pagar.

Se quisessem mesmo fidelizar, FSF e a sua Big Band, teriam de fazer exactamente o oposto do que têm feito até aqui, que tem sido: distanciar\afastar o clube dos sócios; retirar-lhes a crença, o poder e sensação (ainda que simbólico) de fazer parte activa da vida do clube. Mas o que eles querem e andam lá a fazer é que eu não sei.

Quando há lodo no cais o barco não ancora.

6 comentários:

Cozinheiro Sueco disse...

Meu caro paulinho cascavel,

Depois desta brilhante análise em VI actos, pouco mais fica por dizer. Não sei se estes senhores algum dia se vão aperceber da importância de os sócios e adeptos (estes, sócios em potência) sentirem que são importantes na vida do clube e que este existe por e para eles. Gostava de acreditar que sim...

ps1: estes textos merecem ser lidos pelas cúpulas Leoninas

ps2: hoje à noite, iremos dar mais uma demonstração que somos nós os adeptos mais fiéis do mundo!

Abraço Leonino!

Luizinho disse...

Para perceber porque é que hoje somos tão poucos basta explicar porque é que ontem éramos muitos. E éramos muitos numa altura em que não se ganhava nada há muito tempo, o pessoal via a bola à chuva e sentava os seus belos traseiros num bocado de cimento húmido ou escaldante, conforme as contingências do clima. Num tempo em que se colocava a cota num bocadinho de plástico no canto do cartão de sócio que não servia para mais nada. Num tempo em que havia cobradores e os putos entravam de borla no estádio. Dos dias de sócio e em que os bilhetes eram vendidos como cotas suplementares (para fugir aos impostos). Em que Ali Hassans e Jões Luíses, em duplicado, pontificavam no relvado. Em que José Pratas e Carlos Calheiros apitavam e a violência entre adeptos era pão nosso. Em que as mulheres tricotavam no carro enquanto esperavam pelos maridos que tinham ido à bola. Num tempo em que o futebol ainda não era gerido de forma racional e profissional. Porquê? Eu acho que era por causa do Leo Burger que tinha umas óptimas batatas fritas e uns cachorros deliciosos.

Anónimo disse...

Katsouranis Sporting - Benfica 2008 Mortal Kombat

http://www.youtube.com/watch?v=_no-qbfY3O0

mas que patada do grego no moutinho! e só leva amarelo?

QUE VERGONHA!

O 7 Maldito disse...

Luizinho, ri-me a bom rir com esse regresso ao passado!

A verdade é que esta direcção é composta por um bando de tecnocratas, que gerem o clube como um rent-a-car ou uma loja de informática. Preocupam-se com as contas mas esquecem-se que o futebol é um negócio de emoções. Só isso explicava o velho Alvalade cheio durante um jejum infindável.
Agora temos um estádio confortável, já não nos chove em cima, pagamos salários a tempo e horas, mas não há química com os adeptos.
O discurso miserável e miserabilista da Direcção e do pateta do Director de Comunicação (que anda há anos a saltar de tacho em tacho à conta dos amigos) só ajudam a este divórcio.
Esta campanha de angariação de sócios é ridícula e está condenada ao fracasso, pois vem na pior altura possível em termos de resultados desportivos. Ainda por cima admitem que a estão a fazer por dificuldades financeiras. Cereja no topo do bolo foi ouvir o Presidente a comparar-se ao SLB "n" vezes na apresentação, numa tentativa falhada de populismo e agitação das massas.
Eu, confesso-vos, começo a ficar farto. E tenho quase a certeza que para o ano não desembolso os 400€ da minha Gamebox. Quando começarem a sentir no bolso talvez percebam o recado.

Abraços Impróprios para Cardíacos

Luizinho disse...

Caro 7,

Eu até gostava que eles gerissem a coisa como um rent-a-car ou uma loja de informática. Já seria uma melhoria em relação ao que vamos assistindo. A metáfora que a mim mais vezes me surge é a do abutre a comer o cadáver a apodrecer no deserto, o que de tecnocrático não tem nada. Acho, como já disse algumas vezes aqui no tasco, que razão e emoção não são necessariamente categorias opostas. O bem geral e os interesses privados é que entram muitas em conflito. E depois tratar as pessoas como atrasadas mentais, como faz o nosso speaker, o nosso presidente (como se viu na apresentação no cartão de sócio) é que também não ajuda.
De qualquer forma deixo aqui um apelo: por favor, quem tiver fotografias do saudoso Leo Burger que as envie para o mail da roulote.
E já agora uma sugestão para oito minutos bem passados. Vá, e vão todos, ao Cacifo do Paulinho ver o video do Sousa Sintra. De trazer as lágrimas aos olhos.

Yazalde disse...

Ena, ena agora que acabeste a tua crónica de 6 volumes já tive coragem para postar algo.
E já agora também concordo com as premissas das tuas crónicas.