sábado, 28 de fevereiro de 2009

Crime disse ela...

... ou "a minha sogra é um granda boi", disse ele.

Mais logo (Porto - Sporting)

Como escrevi aqui, algumas coisas mantém-se e espero que logo sejam resolvidas, mas tenho as minhas sérias dúvidas.
Ah, e já tinha aparecido um tal de Hulk.

Ninguém para o benfica...

Ontem à noite numa qualquer esquina do bairro alto:


* em baixo pode ler-se: o futuro em construção.
Não acham a similitude de cores bonitas?

Descubra as diferenças


Sporting - 3 U. Leiria - 0 de 1979/1980, Jogo do Título de Sporting Memória.
E as semelhanças, se puder. Mão amiga fez-me chegar este video de há vinte anos. Sem saudosismos bacocos, pergunto: onde está aquela gente toda? Quem os "perdeu"? Onde está aquele espírito sportinguista? Perdeu-se como? Onde estará então? Quem ou o que é que fez desaparecer todo aquele entusiasmo?
Sem sudosismos, repito, tentem descobrir as diferenças entre o que se passava naquela época e o que se passa hoje e os "porquês" delas e têm aí os fundamentos e o mapa de uma solução para o Sporting do século XXI.
Estudar o passado para fundamentar o futuro.
Um Sporting sem passado não tem futuro. E o futuro do Sporting Clube de Portugal não é, seguramente, a Sporting SAD. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Escuta carnavalesca

Diz que é um presidente a sério (DQEMPAS): Estou sim.

Diz que é um presidente incorruptível (DQEUPI): Alô, tudo bem?

DQEMPAS: Tudo porreiro pá!

DQEUPI: Olha tava a pensar e vou atecipar o nosso jogo, de domingo para sábado.

DQEMPAS: Ai sim.

DQEUPI: Pois, é que sabes, temos outro jogo na 4ª.

DQEMPAS: Não sei se isso é bom para o meu clube.

DQEUPI: Então, não. Depois de ontem, quanto menos tempo até ao próximo jogo melhor. Sei do que falo, já me aconteceu.

DQEMPAS: Não dúvido. Não sei é se o treinador é da mesma opinião.

DQEUPI: Mas não és tu que mandas? Quem domina?

DQEMPAS: Eh... Sim! Claro que sim! Quem manda sou eu. Vou-lhe explicar que não podia fazer nada, que a gente até compreende, pois estava em causa a vossa participação numa competição muito importante para o país.

DQEUPI: A nação ficar-vos-ia grata.

DQEUPI: Ouve lá, já agora como vai a empresa?

DQEMPAS: Podia ir melhor, isto agora está mau, mesmo lá fora.

DQEUPI: Compreeendo... Olha, ainda no último jogo tive a trocar uma impressões com uns amigos que têm investimentos lá na construção em Angola.

DQEUPI: Quando cá vieres eu apresento-vos aqui no buffet. Quem sabe, da fraternidade podem surgir relações sólidas.

DQEMPAS: Ok, fico ansioso. Abraço.

DQEUPI: Abraço.

Advertênciar: Esta conversa é pura fantasia, qualquer ligação entre a mesma e a realidade é pura coincidência e não era intenção do autor escrever sobre factos sérios na semana do carnaval.

Noite Histórica

A turma de alvalade apresenta-se com grande confiança e determinação, até se dá ao luxo de alterar meia equipa, pois o jogo a sério é mais lá para o fim de semana. Contra o meio campo germânico a opção clara era roca atráz e pipi à frente, dois falsos lentos, claro como o vinho tinto, nem me vem mais ninguém à cabeça.

Ah, e o regresso do famoso losango, pois o 4-1-3-2 não dava uma para a caixa.

A cena até começa descontraida, com os outros a deixar passar o tempo.

Os jogadores mais experientes, borram a pintura, tal é o excesso de confiança; o treinador dá o mote e mostra toda a sua sagacidade nas substituições. Uma raposa velha.

Depois a 2ª parte e veio o Kataklisman, quando procuravamos fazer algo de jeito, eles marcam o 2º num fora de jogo que se via sem recurso ao video, clarinho.

A partir daí foi só fazer gestão da equipa, perdido por dois, três, quatro, cinco, seis - não porque já não havia tempo para mais.

No fim do jogo, que por acaso foram só 5 fica mais um registo digno de figurar no Guiness, ao lado da maior goleada de sempre em jogos para as competições europeias a maior goleada sofrida em casa numa fase a eliminar nesta competição. Como bom Sportinguista tenho de falar do árbitro, ora não bastava o fora de jogo que eu vi em replay na tv, ainda vi no estádio que no 4º golo o caneira faz tudo para não deixar o toni saltar, e o francês do árbitro deixa a jogada prosseguir, valida o golo, quando nos pénaltis não há lei da vantagem, mais um batta, sem dúvida.

A dignidade na hora da derrota, era uma inevitabilidade cósmica, nada de opções técnicas ou dos executantes.

Mais uma semana e isto já passou, nada de record histórico negativo, o holocausto também nunca aconteceu bem assim, tal como a maior derrota alguma vez sofrida em casa numa fase a eliminar na liga dos campeões, isto com algum revisionismo histórico não é bem assim, ainda é bem, que é preferível ir assim ao dragão, é como o mito futebolístico de jogar contra 10, sem dúvida mais díficil.

Um presidente sem pulso nem firmeza

Será que alguma vez vamos ver o presidente Soares Franco tomar uma atitude em público em relação ao FCP como aquelas que toma nas AGs do Sporting quando a coisa lhe começa a correr mal e insulta os sócios que lhe fazem frente?
Gostava de o ver agressivo e de voz grossa a fazer frente ao presidente do Porto como o faz com os sócios do Clube de que é presidente. Ou terá medo das respostas?
Se calhar vai repetir que é um tipo bem educado e de bons princípios, mas nas AGs não é isso que vemos. 
Nas AGs parece uma autêntica varina, com todo o respeito devido às varinas! Com o Porto, como se vê com esta inacreditável questão do horário do jogo, amocha...

Descubra as diferenças: SCP x Bayern

Esta é o típico (quando acontece) agradecimento (quando não é frete) dos jogadores e playboys de Alvalade após um apoio histórico, incessante e monumental dos seus adeptos.


e este é o agradecimento dos jogadores do Bayern aos seus adeptos

Se as razões do divórcio se medissem com uma fita métrica...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Porque só nos resta rir...

Esta manhã, e como é habitual todas as manhãs na casa do treinador do Sporting, a mulher do Paulo Bento diz-lhe:

- Acorda, Paulo que já são 6.

- O quê?! Já marcaram outro?

Sem ilusões

Deixem-me dizer-vos uma coisa simples: só pode estar desiludido com o resultado desta noite quem tem ou teve ilusões.
O mal do Sporting é antigo. Estranho é ganhar. Por isso a criatura que ocupa o cargo de presidente da direcção do Sporting terá vibrado tanto com a vitória de sábado. No final, ergueu o rosto ao céu e, frenético, agitou no ar os punhos, como se tivesse estado à beira do juízo final e tivesse sido perdoado. Poderíamos concluir que estranhou a vitória. 
Contudo, hoje no final do jogo, baixou a cabeça e meteu-a entre as mãos. Somos levados a concluir que estranhou a derrota.
Ora, um presidente a sério --não este presidente de opereta que nos calhou a todos-- não pode estranhar nada do que acontece ao Clube. O papel do presidente do SCP é prever e estar à frente dos acontecimentos. 
Exultar descontroladamente com as vitórias, e passar a um estado de depressão com as derrotas é uma forma de nos dizer que não sabe o que se passa no Sporting e de nos mostrar que não está à altura do cargo que ocupa.
Um verdadeiro presidente do Sporting já deveria saber que os golos do Bayern começaram a entrar na baliza do Sporting há muitos anos. Começaram a entrar quando as sucessivas direcções entenderam maltratar os sócios e a espremer os adeptos. Começaram a entrar quando as sucessivas direcções fizeram opções erradas de gestão do Clube. Começaram a entrar quando a vitória sobre o défice se sobrepôs à vitória dos princípios. Começaram a entrar quando quiseram adulterar a essência do SCP e quiseram fazer dele algo que o Clube não é. Começaram a entrar quando as sucessivas direcções e os directores prometeram uma coisa e fizeram outra. 
Foi a mentira, a incompetência, a arrogância, o baixo nível que nos golearam. Não o Bayern.
A dinastia que se instalou no poder controleiro do Sporting levou o Clube à ruína e fez-nos crer que dela nos salvou. Só os ingénuos acreditarão hoje que estamos salvos
O Sporting atingiu o ponto mais baixo da sua longa história. Depois de décadas de crescente apagamento, foi com esta direcção que o Sporting começou a ouvir "olés", dirigidos à sua equipa sénior de futebol pelos adeptos de adversários de segunda categoria, e é com esta direcção que acabamos de sofrer a maior e mais humilhante goleada de sempre, em casa, para as competições europeias. 
É das suas opções e das suas estratégias que tudo isto resulta. 
É urgente apeá-los. É urgente dizer não aos seus planos. É urgente estar atento às suas tentativas de perpetuação no poder e de exploração dos sócios e adeptos. É urgente apagar o rasto desta dinastia trágica que governa o Sporting há mais de dez anos. Que não reste um único! 
"A SAD está unida!" proclamava Soares Franco há tempos. Pois que unida tome o caminho da rua! 
No caso dele e de todos os seus seguidores, serventes, cães de fila, caixeiros, carteiros, trompeteiros, e lambe botas de serviço, o juizo final já foi há muito. E não há perdão! Nem salvação...
Nomeie-se uma comissão de gestão, reflicta-se serenamente, com verdadeira paixão e empenho, sobre os possíveis caminhos futuros do Clube, promova-se uma ampla e participada discussão sobre os atributos de uma direcção séria para o Sporting, prepare-se com o tempo que fôr necessário uma eleição serena, mobilizadora e significativa. Mudemos, todos juntos, o rumo do SCP!
De outra forma os golos do Bayern vão continuar a entrar na nossa baliza...
Não haja ilusões.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Contingência histórica

Não era vivo quando ganhámos sete campeonatos em oito anos, não andava por aí quando fomos a primeira equipa portuguesa a jogar a agora Liga dos Campeões. Jesus Correia, Albano, Travassos, Vasques, Peyroteo (melhor marcador em derbys na história do futebol português, 64 ao pessoal de vermelho): Perderam a primeira eliminatória com o Partizan de Belgrado, mas não por pensarem num qualquer jogo com o Atlético ou CUF para o campeonato nacional. Não levaram cinco-5-cinco para preparar a candidatura do próximo ano à mesma prova.
Não vi Jesus Correia-Albano-Travassos-Vasques-Peyroteo (melhor marcador em derbys na história do futebol português, 64 ao pessoal de vermelho) e não queria ver, por tropeção nada desejável na "oh tão calculista e previsível", "tão financeiramente decifrável idade moderna", a maior tareia de sempre do Sporting nas competições europeias.
Persegui com o olhar a bola ao poste do Juskowiak, contra o Real Madrid, assisti à segunda derrota austríaca com o Casino Salzburgo, vi o remate à trave do Rogério dar o 3-1 ao CSKA. Isso, perspectivando a história, teve algo de romanticamente trágico. Isto de hoje à noite não. Já falámos do Peyroteo? (melhor marcador em derbys na história do futebol português, 64 ao pessoal de vermelho).

Feios porcos e maus

Depois dos porcos e feios...










...venham daí os feios e maus!

Para Hoje

Se não ganharmos ao Bayern hoje, quando é que ganharemos?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

um segundo antes do 'Golo!!!' e três antes do 'tomem filhos da puta!'

Foram dez segundos.
Nos primeiros sete ele constrói, cresce, agiganta-se, faz porco-sapato dum, sacanagem c'outro. ao oitavôôôôohhh!!! eeeehhh!!! oooolllééééé!!!! três em um. ao nono, de súbito, um silêncio no estádio.

variação brusca que me estala os tímpanos. não é de respeito. tampouco por reverência ou cumplicidade. faz-se silêncio porque a obra se solta e fica à mercê do deus-dará. a hipótese de ver tudo desfeito com o vento ou como naquelas obras de arte budistas de arroz colorido que, uma vez concluídas, são desmanchadas de imediato pelos próprios criadores. calma que isto não é o Tibete. Alvalade XXXI (isto sim é um "re-naming" digno de gente): ele cruza, a obra prestes a desfazer-se como um karma....

não se desfaz. faz-se. História, Arte e Poesia. no número primo a Obra-Prima. deus-deu. 3-1.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Resposta exemplar, exige-se!

Os atrasados mentais, autores da agressão ao roupeiro  e da vandalização do autocarro dos lampiões, deviam perceber que uma atitude destas resulta num prejuizo total para o Clube. A terem ocorrido como foi relatado, estas atitudes deixam uma nódoa indelével e escusada numa jornada que deveria ser de total e efusivo festejo. Quem provoca situações deste género não é Sportinguista e nada a desculpa.
Esperemos que, independentemente do desfecho que o caso possa vir a ter nas instâncias judiciais e desportivas, o Clube comece por ser, ele próprio, a tratar do caso de forma exemplar, sem hesitações, ambiguidades ou desculpas.

Peça de museu

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Pensamento para o Dérbi (adaptação do inglês; jogo entre duas equipas da mesma cidade)

Se não ganharmos ao benfica, vamos ganhar a quem?

Novo movimento de reflexão sportinguista pode vir a aparecer

Os chulos dos dirigentes do Sporting fazem isto aos adeptos e depois queixam-se de falta de militância. 
Se o Bulhão concordar, sugiro que transformemos esta ideia de enfiar o bocal do telefone na p**** do senhor presidente Soares Franco na linha mestra de um movimento de reflexão Sportinguista devidamente organizado. Já vimos que por outros métodos a mensagem não chega aos responsáveis e esta parece-me particularmente adequada.
Suspeito que teríamos imenso êxito. Por mim adiro já!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Caça de Mitos Sportinguistas # Missão 2: a juventude da equipa

Desmascarada a falácia do orçamento que, de tanto batida e rebatida, se tornou num mito que turva a nossa visão sobre os problemas da equipa, chegamos à segunda missão.
O mito 2 parte dum consenso gerado por sermos conhecidos como um plantel composto por muitos jogadores vindos da ‘Escola de Formação’.

Mito 2 – O Sporting é uma equipa inexperiente e pouco “madura”.
O argumento é: 'A experiência e maturidade são muito importantes. O SCP tem um conjunto de jogadores muito jovens e “tenrinhos”, fruto da aposta na ‘Formação’. Logo o Sporting tende a falhar mais devido à falta de experiência e maturidade*.'

1. Sob ponto de vista estatístico o SCP não é o mais inexperiente ou imaturo dentre os três grandes. MUITO pelo contrário.
A média de idades dos plantéis é:
FCP – 23,7; SCP – 24,3; SLB – 25,1;
Mas como a classificação na tabela é, antes de tudo, “obra” dos seus intervenientes…
A média de idades dos 18 mais utilizados é:
FCP – 25,5; SCP – 25,61; SLB – 25,56;
A média de idades dos 11-base mais utilizados é:
FCP – 24,7; SCP – 26,6; SLB – 26;
A média de anos no clube dos 18 mais utilizados é:
FCP – 2,5; SCP – 3,1; SLB – 2,9;
A média de anos no clube dos 11 mais utilizados é:
FCP – 2,7; SCP3,6; SLB – 2,2;

A média de anos de 1ª ou 2ª Liga dos 18 mais utilizados é:
FCP – 3,9; SCP – 4,9; SLB – 4,7
A média de anos de 1ª ou 2ª Liga dos 11 mais utilizados é:
FCP – 3,9; SCP – 5,4; SLB – 4,1

O FCP tem no plantel 1 jogador oriundo da ‘Formação’ do clube e faz parte dos 18 mais utilizados.
O SCP tem no plantel 7 jogadores oriundos da ‘Formação’ do clube e 3 deles estão nos 18 mais utilizados.
O SLB tem no plantel 3 jogadores oriundos da ‘Formação’ do clube e nenhum deles estão nos 18 mais utilizados.

Jesualdo tem 62 anos, 3 anos de FCP e 25 anos de treinador profissional;
Paulo Bento tem 39 anos, 5 (+4 como jogador) anos de SCP e 5 anos de treinador profissional;
Quique Flores tem 44 anos, 1 de SLB e 6 de treinador profissional.

Equipa jovem, o tanas!
Seja qual for o peso atribído a cada um dos critérios utilizados, só há uma conclusão geral a tirar: O Sporting é, nítidamente, o clube mais “velho” e “experiente” dentre os três grandes! Tenho dito: os mitos são perigosos.
Mais um mito caçado.


*Consideremos a experiência e maturidade como dois conceitos que coexistem e se mesclam quando revelados sob o relvado.

#Fonte:
http://www.zerozero.pt/

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Basculações, efusões e outras situações

Antes que a rapaziada comece toda a levantar voo e a pensar que isto já está tudo no papo, convém lembrar que ontem, se tivéssemos perdido a partida com o modesto Belenenses (esteve perto...), tínhamos passado para o quinto lugar. E se o Braga tivesse, por sua vez, ganho teríamos passado para sexto.
Esse facto, de tão iminente que esteve, talvez explique o festejo anormalmente efusivo dos jogadores no final do jogo, como se tivessem ganho já o campeonato.
Nada está garantido, mas também nada está perdido portanto, rapazes. Com este Sporting vivemos há muito sob o espectro do Pêndulo Defecou e a coisa pode ainda supreender.
Ou seja, podemos dizer que o Sporting nesta segunda e decisiva volta pode bascular entre a primeira metade da tabela e a segunda...
Aceitam-se apostas!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Caça de Mitos Sportinguistas # Missão 1: o orçamento (2ª parte)

Ainda está por inventar uma fórmula que consiga equacionar o “real” valor de um plantel. Onde factores externos como o contexto, a especulação, a influência dos empresários, a margem de progressão dos jogadores sejam “extraídos” e onde factores internos como a experiência, "influência no grupo”, maturidade, vínculo emocional, entre muitos outros, sejam introduzidos. Não obstante nada nos impede de tentar fazer avaliações o mais objectivas possível.
À luz de dois critérios ‘de mercado’: os salários e a estimativa do crrecto “preço de venda” retomemos o mito 1.

O Mito 1 apoia-se no seguinte argumento:
Para ganhar o campeonato é muito importante ter o melhor orçamento. O nosso orçamento é muito mais baixo, logo será pouco provável ganharmos o campeonato.

O argumento vai abaixo também por não ser suficientemente sólido do ponto de vista do valor “real”, ou (vai dar ao mesmo) da qualidade do plantel.

1. Em contra-corrente com o senso-comum
o nosso gasto com salários não parece ser bastante menor que o dos rivais. Comparando as despesas salariais dos quatro jogadores mais bem pagos de cada plantel (só tive acesso a estes) temos:
Média de Gastos anuais: FCP – €1,365 milhões; SCP - €1,2 milhões; SLB - €1,38 milhões;
Total de Gastos anuais: FCP - €5,46 milhões; SCP – €4,8 milhões; SLB - €5,52 milhões.
A diferença do SCP p'rós rivais ronda os 600 a 700 mil euros. É quanto vale o empréstimo do Pele ao Portsmouth. Inferior mas insignificante.

Passemos ao valor “real” dos plantéis. Para não entrarmos em discussões intermináveis resolvi tomar como índice a classificação feita por
este sítio. Pese embora ser uma avaliação de mercado onde factores como a idade e internacionalizações enviesam um pouco a avaliação “real do plantel”, não outra e é ela que nos servirá de análise.

2. O valor “real” dos três plantéis não anda muito longe uns dos outros.
O plantel do FCP (25 jogadores) é avaliado em €114,4 milhões; o do SCP (24 jogadores) em €99,1 milhões; o do SLB (24 jogadores) em €112 milhões.
O que dá uma média por jogador de: FCP - €4,576 milhões; SCP - €4,129 milhões; SLB - €4,667 milhões.
Mas, se procedermos aos ajustes relativos ao enviesamento da idade que os seguintes casos retratam:
Moreira, €3,5 milhões / Quim, €2,8 milhões;
Liedson, €10,5 milhões /
Lisandro, €13 milhões
… aos ajustes relativos ao enviesamento do estatuto de internacional:
Luisão, €10,5 milhões / Polga, 6€ milhões / Bruno Alves, €9 milhões
… aos ajustes do enviesamento de jogadores que nunca jogaram na 1ª Liga:
Stepanov, €3 milhões
… aos ajustes reativos ao enviesamento por burrice:
Miguel Veloso, €10,5 milhões / Vukevick, €6,5 milhões;
Derlei, €2,5 milhões / Nuno Gomes, €6 milhões

… e fizermos aquela que é talvez a mais fiel das análises:
3. Avaliando os jogadores, posição a posição, de forma o mais imparcial possível, é legítimo considerar os três "onzes" (18 ou 24) os mais equilibrados, desde há um par de temporadas para cá.

Posto tudo isto, era bom que se admitisse de uma vez por todas que a diferença existente na qualidade dos plantéis dos três grandes é praticamente insigificante.
Acho que está na hora de dar como “caçado” o primeiro mito.


Fontes:
http://www.futebolfinance.com/
http://dn.sapo.pt/
http://www.transfermarkt.co.uk
http://www.zerozero.pt
http://sporting.planetaportugal.com/

Postal de dia dos namorados!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Caça de Mitos Sportinguistas # Missão 1: os orçamentos (1ª parte)

Há mitos com fundo de verdade – ‘os sportinguistas são mais belos e inteligentes’. Há mitos hilariantes – ‘seis milhões de lampiões’. Mas, na sua maioria, os mitos são perigosos. Nos dias de hoje, a facilidade de acesso a informação estatística ajuda-nos de sobremaneira a liquidar com os mitos que nos atrapalham a vida verde-e-branca. Por isso resolvi perder algum tempo a pesquisar esses lugares-comuns que enganadoramente muitos julgam como verdadeiros. Vamos ao primeiro mito.

Mito 1 – ‘O SCP tem um orçamento muito mais baixo e por isso já não é nada mau estarmos em 3º lugar’.
O mito apoia-se no seguinte argumento:
Para ganhar o campeonato é muito importante ter o melhor orçamento. O nosso orçamento é muito mais baixo, logo será pouco provável ganharmos o campeonato.

Na verdade, é menos um mito do que uma parvoíce. O argumento cai logo por terra por partir de pressupostos inválidos.

1.
Está por provar que haja uma relação causal determinista entre os orçamentos dos três grandes e a classificação final, seja agora ou em competições passadas.
a) O valor do orçamento não traduz o valor financeiro do plantel.
i) Para 2008/09 a relação orçamento/gastos com aquisições de passes foi:
FCP: €40 milhões / €24,2 milhões; SCP: €25 milhões / €9,65 milhões; SLB: €30 milhões / €27,41 milhões.
Isto não traduz os gastos com o plantel porque, como é óbvio, ambos dependem de múltiplos factores tais como os proveitos (receitas de vendas, da liga dos campeões, etc.) previstos realizar. Os orçamentos dizem respeito a um conjunto muito grande de investimentos e gastos dos quais os ordenados e pagamentos de transferências são apenas uma parte;
ii) Este ano, o saldo entre transferências (entradas/saídas) foi:
FCP: + €29,45 milhões; SCP: - €6,22 milhões (negativo); SLB: - €20,31 milhões (negativo);

b) O orçamento não reflecte o valor “real” do plantel
i) O valor real do plantel não corresponde ao saldo das transferências da última(s) época(s)
ii) Se reflectisse, não estaríamos agora com os mesmo pontos do Leixões.
iii) Nos últimos 4 campeonatos, apenas um - 2005/2006 - terminou com uma classificação em consonância com a classificação dos respectivos orçamentos. E a diferença pontual foi apenas de um ponto entre os três.

2. Os gastos anuais em aquisições não reflectem senão uma ínfima parte do valor “real” do plantel.
a) O valor do plantel não se resume aos jogadores comprados neste ano. Mas mesmo se assim quisermos analisar…
b) … teria de se contrabalançar subtraindo os gastos/receitas em percentagens de passes de jogadores que já faziam/já não fazem parte do plantel. A título de exemplo, dos €9,6 milhões gastos pelo SCP apenas €2,65 milhões são mais-valias reais (50% do passe de Postiga + passe de Ricardo Baptista, que nem joga!). A grande parte dos gastos corresponde aos passes de Izmailov e Grimi que já cá estavam. O mesmo para Di Maria no SLB; Inversamente, só 29% do total das nossas receitas em venda de passes corresponde a perca efectiva de jogadores (Purovic).
c) … teria de se contrabalacar com as desvalorizações (reais) por via das saídas de jogadores cujo valor não foi contabilizado. Exemplo: no SLB saíram Rui Costa, Leo, Petit e Freddy Adu. Quanto valiam eles?? Raramente se faz este cálculo;
d) … teria de se contrabalançar com o cálculo das aquisições a “custo zero”. No SCP, Caneira, Roca, Carriço, Pereirinha, etc. No SLB Suazo…
e) Hoje em dia, é comum comprarem-se apenas parcelas dos passes. Essa despesa não corresponde ao valor "real" a adicionar ao plantel, isto é, 50% do passe do Postiga - €2,5 milhões - ou do Hulk - €5,5 milhões - corresponderá, em termos de valor "real" a adicionar ao valor do plantel, a €5 e €11 milhões, respectivamente.

Ainda assim, se somente as contabilidades das alíneas b) e e) fossem tidas em conta e, ainda que erroneamente, se associar o valor financeiro ao valor “real” das aquisições desta época, o saldo seria o seguinte:
FCP: + €25,75 milhões; SCP: - €4 milhões; SLB: - €27,25 milhões.
Ou seja, da época transacta para a actual, o SLB teria valorizado o seu plantel em quase 7 vezes mais que o SCP, ao passo que o FCP teria desvalorizado o seu na mesma proporção que o SLB se valorizou. É nestes números absurdos que caímos se seguirmos os argumentos das pessoas que alimentam este mito e, acima de tudo, desvalorizam o peso de outros factores na avaliação de um plantel. Mas, como diria Walter Franco, "o ab(surdo) não h(ouve)".

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O futebol está salvo!!

Ufa! Pensei que ninguém ia fazer nada pelo Futebol! Afinal estamos protegidos pelo IFAB (International Football Association Board), que como sabem foi fundado em 1886, e é o responsável pelas leis do futebol. Pelos visto estes excelentíssimos senhores reúnem-se, uma vez por ano, para tratar das nossas preocupações. Da agenda da próxima reunião dia 28 Fevereiro destacam-se:
  1. Alteração à lei 3: Número de Jogadores.
    Proposta: Aumento do número de substituíções de 3 para 4, em jogos em que haja prolongamento;
  2. Alteração à lei 4: Equipamentos.
    Proposta: Caso seja utilizado algum material, na parte exterior das meias, como fita ou algo similar, este deve ser da cor das meias;
  3. Alteração à lei 7: Duração do jogo.
    Proposta: Aumento do tempo de intervalo de 15 para 20 min.
São só propostas brilhantes!

No entanto, na última página das 12 que consituem a agenda, há espaço para debater algo interessante. No ponto IV.4, e proposto pela Federação Escocesa, temos a tecnologia para validar a linha de golo. Por outro lado, a FIFA, propõe o aumento de árbitros assistentes (ponto IV.1). Porque será?? Qual irá vencer? Aceitam-se apostas...

Ver Agenda

Porcos e ladrões ou o Estado de Direito também vai à bola


Pegando na deixa do Pontapé na Lógica vale a pena o elogio ao Benfica pela forma como procura defender os seus adeptos. Recorde-se, clientes e consumidores de um espectáculo desportivo que, convém sublinhar novamente, pagam para ver. Os lampiões só conseguiram entrar no Estádio do Ladrão já no fim da segunda parte. Eu próprio, e todos os que vão comigo à bola, já fomos numa ou noutra altura vítimas de agressões, insultos e coerções várias por parte do aparelho repressivo do Estado que coloca os adeptos de futebol numa categoria à parte da dos cidadãos pagadores de impostos. Em Alvalade, quando não é violência é a patetice de não deixar as pessoas entrar com máquinas fotográficas, sandes ou computadores portáteis. Na Reboleira não deixam entrar isqueiros e espancam pessoas por tuta e meia. As viagens à Luz são inenarráveis. Nas Antas domina o medo. A arbitrariedade e a discricionaridade da polícia nos arredores, à porta e no interior dos estádios de futebol tem de acabar. E aqui como noutros aspectos a nossa direcção não quer saber de nós.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O agente da desestabilização

Um artigo publicado no jornal Sporting no passado dia 3, intitulado "Os agentes da desestabilização", assinado por M. Roquette motivou uma natural reacção veemente do Movimento Leão de Verdade, que pode ser lida aqui.
Grande desnorte que deve ir pelos lados de Alvalade neste momento. Enquanto o "capo" reclama os princípios de boa educação em entrevistas à medida, os seus agentes vão desestabilizando como podem, tentando perturbar uma reflexão, que se quer serena, sobre o buraco negro em que se tornou a gestão do Clube. Buraco negro sobre o qual um número crescente de sócios deseja ver vertida luz.
Quem desestabiliza então o quê?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O pêndulo defecou

Qual é o Sporting verdadeiro? Alguém sabe? O que jogou com o Porto, ou o que jogou com o Braga? Ou serão os dois verdadeiros? Ou será que o que está realmente em causa aqui é o clube e a maneira com esta equipa está montada? E será que "salvar" o Sporting não passaria, antes de tudo o mais, por o livrarem destas oscilações doentias e crónicas do pêndulo entre o êxtase e a merda...?



PS- Que pena ter de perguntar: afinal tenho ou não tenho razão sobre isto...?

O Rinus Michels de Lisboa *

"Optámos pelo Vukcevic no sector ofensivo, como companheiro do Postiga, por questões estratégicas, mas também devido a uma gestão do ciclo de jogos que tínhamos esta semana. O Sporting tem um conjunto de jogadores no sector ofensivo, que, se não ocorrerem lesões, não impõe a necessidade de fazer grandes adaptações. Vukcevic é um jogador que se pode adaptar a essa posição, de avançado, mas aquilo que perspectivamos, onde queremos contar mais com Vukcevic é numa posição de médio-interior no sistema mais usual ou como médio-ala, num 4x4x2 mais clássico. São essas as posições em que contamos com Vukcevic, o que não quer dizer que aqui ou ali não possa actuar no ataque"

A isto se chama implementar o futebol total no Sporting. Como se vê, um jogador que é atacante - um avançado nativo - veio como n.º 10, parece um segundo avançado, pode jogar a extremo esquerdo e na selecção a extremo direito, é enclausurado a médio interior (vulgo médio centro).
O que anda mesmo a estragar o plano é o facto de o jogador insistir a não cumprir tacticamente, aparece na zona de finalização e foge sempre para o meio e lá vai marcando uns golos - certamente ajudado pela divina providência.
Ainda tenho a secreta esperança que paulo bento (ele próprio um ex-jogador multi posicional) faça dele um johan neeskens, e aí ainda vamos poder vê-lo a jogar também a defesa lateral e a libero.

P.S.: valha-nos que podemos sempre contar com o profícuo finalizador que é helder postiga no ataque, a.k.a. o Van Basten de Vila do Conde.

*ver Rinus Michels

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Golavrás, indigenização e as voltas de Mestre Cândido na tumba

Durante a infância interroguei-me de forma cobarde sobre o significado do termo golavrás, o aportuguesamento da expressão inglesa goal-average. Digo cobarde porque apesar de cedo ter compreendido que se tratava de uma fórmula de desempate entre equipas em situação de igualdade pontual não fui, até tempos bem recentes, capaz compreender o seu significado: nem a etimologia da palavra, inteiramente estranha aos meus ouvidos, nem o modo como se processaria o tal sistema de desempate. Nem nunca tive coragem para perguntar a quem quer fosse o seu significado. Porém, para onde quer que escutasse lá estava a palavra. Golavrás para aqui, golavrás apara ali. Vicissitudes existenciais várias levaram-me a travar contacto com o sistema do futebol português e a obra do antropólogo Arjun Appadurai, "Dimensões culturais da globalização, a modernidade sem peias". Appadurai considera o conceito de indigenização fundamental para compreender a globalização dos desportos anglo-saxónicos e em especial o entusiasmo com que são vividos em contextos pós-coloniais. Referindo-se ao caso do críquete na Índia e interrogando-se sobre como uma uma prática tão profundamente britânica acaba por se tornar um dos símbolos nacionais e um dos lazeres preferidos de uma ex-colónia o autor vê na indigenização o instrumento essencial para a apropriação do críquete por parte dos comedores de chamussas. O que é então a indigenização? No fundo, e para sermos levemente tautológicos (como o futebol português, diga-se), a indigenização é uma espécie de vernacularização. Isto é, tornar próximo algo que é à partida distante e estranho. Entre muitos outros factores, Appadurai destaca a questão linguagem. Para resumir com exemplos concretos trata-se de transformar o linesman em bandeirinha. O off-side em fora de jogo. O goal em golo, mas também em baliza. A chilena em pontapé de bicicleta.
Em Portugal, no chamado tempo das "balizas às costas", um conjunto de homens, entre os quais se destacava Mestre Cândido de Oliveira, levaram a cabo essa épica e impensável tarefa, oferecendo-nos para a posteridade o futebol português. Inventaram a imprensa e os clubes. A espelunca que hoje responde pelo nome de A Bola (que encontra entre os seus fundadores Cândido de Oliveira e Ribeiro dos Reis) foi durante os seus primeiros vinte anos de vida um projecto jornalístico, desportivo, cultural e estético absolutamente deslumbrante. Acabaram com o amadorismo farsola e diletante das equipas de Carcavelos e impuseram o futebol moderno e competitivo. Criaram uma linguagem própria para o futebol em Portugal e libertaram-na do peso arrogante e da estranheza exótica dos anglicismos. Escreveram livros sobre tácticas que ainda hoje continuam actuais. No final da II Guerra Mundial o Campeonato Nacional de Futebol, à revelia dos medos e interesses do Estado Novo (que recorde-se enviou Mestre Cândido para o Tarrafal, donde voltaria para treinar os Cinco Violinos) e à boleia do entusiasmo popular, era uma realidade. Mais tardia do que na maioria dos países mais "modernizados" da Europa, mas uma realidade de qualquer forma. Daqui para a frente seria de pensar no avanço do futebol português e no seu aperfeiçoamento gradual. No seu progresso. Na progressiva clarificação dos regulamentos e no acentuar da sua competitividade, que resultaria também de um desenvolvimento económico, político e urbano mais equilibrado. Tudo falsas esperanças. Entregues aos Hermínios, aos Lelos, aos Laurentinos, aos Madaís, Valentins, Mesquitas e a muitos outros da mesma extracção damos por nós a discutir conceitos que já nem os inventores do jogo utilizam. São cinquenta anos de trabalho que dia-a-dia são mandados para o lixo. Um final previsível para uma posta que cansa o leitor. Mestre Cândido deve estar a dar voltas na tumba. Por cá a indigenização não passa de uma corruptela.

Ernesto Ferreira da Silva


O Banco de Portugal (BdP) e o Conselho Nacional de Supervisão de Auditoria (CNSA) vão questionar a BDO - empresa responsável pela auditoria externa às contas do Banco Português de Negócios (BPN) entre 2003 o o final de 2008 -, assim como o fiscal único da instituição, sobre o facto de não terem obrigado o BPN a contabilizar algumas das imparidades agora descobertas pela auditoria extraordinária da Deloitte.

Na mesma linha Paulo Ferreira interroga-se hoje em editorial no Público (sem link): "Mas também, e cada vez mais à medida que se conhece melhor o que se passava no BPN, uma estranha e gritante falha de auditores e do supervisor. Deixar escapar um "buraco" deste tamanho no BPN é como não reparar num elefante que se passeia dentro de um apartamento T2.
A BDO deve ser deixada a continuar por aí a auditar?"

Recordemos aos mais esquecidos que a BDO é a auditora do Sporting e que Ernesto Ferreira da Silva, o líder da BDO em Portugal, Presidente do Conselho Fiscal do Clube.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Oxímoro

"O presidente do FC Porto teve a hombridade de me telefonar a transmitir a eventual decisão do seu clube para o jogo de quarta-feira, tendo mostrado a preocupação de que se a decisão fosse não comparecer tal não deveria ser considerado como uma agressão ao Sporting"

Dizem os manuais que um oxímoro é uma figura de estilo que harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão. No fundo, é isso que é quando aplicado para fins poéticos e literários. Ou seja, quando não é utilizado inadvertidamente. Apesar de no futebol português ser uma figura de estilo recorrente ela não se encontra reflexivamente popularizada. Já em inglês a expressão é utilizada sem grande parcimónia no dia-a-dia: para adjectivar pessoas que são ignorantes ou que não sabem do que falam. Já todos vimos e ouvimos a expressão moron, como em "you're a moron". Pois bem, moron, como imaginam, deriva de oximoron. O presidente do concelho directivo do Sporting Clube de Portugal e da Sporting SAD conseguiu pois a proeza de juntar "hombriedade" e "presidente do FC Porto" na mesma frase. Um oxímoro, portanto. Mais um a juntar à longa lista que o futebol português foi produzindo.
Para além, da riqueza formal, a expressão de Filipe Soares Franco também merece uma análise mais substantiva. Antes de mais, por entrar em contradição com as declarações de Paulo Bento, que afirmou, no mesmo dia, estar a preparar o jogo de quarta-feira. Mas para além desta contradição, que não revelará mais do que os problemas de comunicação na estrutura da Sporting SGPS, o oxímoro mostra acima de tudo a falta de comprometimento da actual direcção com aquilo que de forma algo antiquada poderemos apelidar de verdade desportiva. Falta de comprometimento que se manifesta de diversas formas.
Antes de mais, pela incapacidade de tomar uma posição no golavrás gate. O Sporting manteve uma posição de neutralidade, como se à margem dos acontecimentos, que em nada ajuda a dignificar o papel que pretendemos, e exigimos, desempenhe na reforma do futebol português. Em segundo lugar, e como explicou José Manuel Meirim no domingo no jornal Público, o golavrás não era a única porta do cavalo no regulamento da Taça da Liga (A Última Roulote não faz publicidade). Segundo Meirim, no dia 23 vieram a lume factos que poderiam colocar em causa a regularidade da participação do FC Porto na Taça da Liga. O problema tinha que ver com a composição da equipa do Porto no jogo com o Vitória de Setúbal. Meirim cita os regulamentos: "Durante a competição [...] os clubes são obrigados a fazer participar nas suas equipas em cada jogo pelo menos 5 jogadores que tenham sido incluídos na ficha técnica como efectivos em um dos dois últimos jogos oficiais da época em curso, salvo caso de força maior, comunicado à Liga com a antecedência mínima de 5 dias antes da realização do respectivo jogo e, desde que, os motivos invocados sejam considerados pela Liga como justificativos". Mais uma vez voltamos a uma questão linguística, pelos vistos o maior problema do futebol português. Do onze inicial do FC Porto no jogo com Vitória de Setúbal apenas Pedro Emanuel havia sido sido efectivo num dos dois últimos jogos. Meirim continua a citar os regulamentos: "De acordo com o RC [regulamento de competições], o que é um jogador efectivo? Se lermos o RC (se não bastasse a norma transcrita), este contrapõe, com rara clareza, efectivo a suplente (artigos 18.º, n.º 7 e 26.º, n.º 8). Efectivos são os 11 jogadores que iniciam o jogo como titulares". Tendo em conta esta regulamentação finalmente chegamos a um comunicado da Liga Portuguesa de futebol Profissional, datado de 24 de Setembro de 2007 que faz uma outra leitura:« a) existe uma obrigação de "participação efectiva de pelo menos 5 jogadores que tenham sido efectivamente utilizados"; (b) por "efectivamente utilizados" entendem-se os jogadores que fizeram parte da formação inicial ou foram suplentes utilizados.» O ponto de chegada deste imbróglio tem simplesmente que ver com o facto de o comunicado da Liga se referir a uma expressão (efectivamente) que efectivamente não existe nos regulamentos. Para Meirim trata-se de uma alteração da regra por via imprópria, tornando-a inválida.
Mas como se não bastasse o facto de irmos defrontar um adversário em situação irregular na competição que exercia simultaneamente pressão sobre terceiros com a conivência da direcção do Sporting Clube de Portugal, é necessário reflectir sobre os comentários da posta mesmo aqui em baixo, onde são apontadas duas causas ao insucesso desportivo do clube nos últimos anos: os baixos orçamentos e as arbitragens. Sabendo-se que o presidente do FC Porto é um dos principais responsáveis pela degradação do futebol português nos últimos 30 anos e um dos principais suspeitos em vários processos judiciais relativos a corrupção na arbitragem não seria do mais elementar bom senso que a direcção do Sporting Clube de Portugal, na defesa dos mais básicos interesses do clube, se abstivesse de traficar com um representante suspenso de uma organização desportiva? Mais ainda, não se exigiria à direcção do Sporting Clube de Portugal que de alguma forma procurasse uma alteração nos regulamentos disciplinares da FPF e da LPFP para que a suspensão dos dirigentes condenados por crimes corrupção correspondesse uma incapacidade para o exercicío de cargos desportivos durante o período da suspensão?
Não podemos, igualmente, separar estas questões de duas outras. Por um lado, dos benefícios económicos derivados das vantagens competitivas adquiridas por meios ilícitos. Ainda relacionado com a questão das vantagens competitivas convém relembrar que a sua institucionalização coloca os outros competidores em condições de desigualdade em momentos posteriores. Certamente que se poderá argumentar, e com razão, que o próprio FC Porto foi durante décadas prejudicado, em detrimento de Sporting e Benfica, pelo tipo de vantagens competitivas que veio nos últimos 25 anos a adquirir. Isso não legitima, na minha opinião, procedimentos irregulares. Por outro lado, e para além das questões financeiras associadas aos resultados desportivos, é de salientar o facto de o próprio modelo de gestão empresarial que vem sendo defendido pelas diversas direcções do Sporting Clube de Portugal nos últimos 13 anos coloca em causa o regime de concorrência a que estão sujeitas as competições desportivas em Portugal, e no resto da Europa. Se em Inglaterra, para além dos adeptos do Manchester United foi o próprio governo de Tony Blair a inviabilizar a OPA de Rupert Murdoch sobre o clube, com base no conflito de interesses, no caso português com SAD's e clubes sistematicamente no vermelho o futebol não apresenta um intesse económico directo evidente. A não ser que cadeias televisivas, mediadores mediáticos (passe o pleonasmo) patrocinadores, bancos, empresários de jogadores e empresários da construção civil criem um consórcio que tem por base a exploração do futebol português em regime fechado e em detrimento da verdade desportiva, subjugada aos interesses económicos, que poderão fazer rodar campeões ao ritmo das receitas de quotização, serviços de dívida e audiências. Mas nada disto parece interessar à actual direcção do Sporting Clube de Portugal. Recito de memória: Pinto da Costa teve a hombriedade de ligar a dizer que o Porto se calhar não ia comparecer ao jogo amanhã. O que vale é que mesmo escasseando o pão, no rectângulo circo é que nunca falta.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Yes we can't!

Esta é a realidade.
Há muito tempo que o Sporting não consegue superar-se em momentos decisivos, dar a volta à adversidade e mostrar de que raça é feita o leão. Há muito que o leão perdeu os tomates. O que temos visto é um bichaninho de colo, por cujo pêlo os donos passam languidamente a mão enquanto ele ronrona preguiçoso e vaidoso, sempre na mira das whiskas que lhe hão-de caír no prato sem ter de fazer grande esforço.
Esta é a realidade.
Quanto ao leão, orgulhoso, destemido e forte já há muito que passou à história.
Projectos falhados, estratégias falhadas, condução dos destinos do Clube meio amaricada dão nisto: decepção, frustração e derrota.
A culpa? É dos membros desta direcção, das suas opções, dos seus erros graves e da incompetência da sua gestão (eles chamam-lhe "salvar o clube!") e é também dos sócios que a viabilizam por acção ou omissão.
Esta é a realidade.
Por tudo isto, está provado, nos momentos decisivos o Sporting falha sempre.
Esta é a realidade.