segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se ele tornar a ir para o hospital

O Douglas diz que vai votar no Bruno de Carvalho para todos os órgãos sociais. Diz que esse voto se deve ao facto de o candidato estar alinhado com o programa dele em vários aspectos mas sobretudo porque lhe interessa distanciar-se dos meus posicionamentos. Fico muito contente com o facto de desta vez pelo menos uma pequena fracção do Cacifo do Paulinho tentar tomar decisões certas ainda que, como habitual, por razões erradas. Se não, vejamos. Só nos últimos dias o Chebakov disse que gostava muito do Futre e o Sousa Sintra manifestou-se indeciso entre Godinho Lopes e Pedro Balatazar. Mas a falta de critério também não será surpreendente para quem lê o Cacifo. Na leitura e análise da vida do clube tratam o Sporting como os lampiões ou a direcção nos últimos anos: como uma puta. Isto é, e como é assumido no post seguinte do Cintra que também remete para a discussão anterior, o Cacifo não anda aqui a formar opinião e mais do que isso acha paternalista quem o faça. Nós aqui na Roulote temos como objectivo declarado desde a fundação discutir o Sporting Clube de Portugal um pouco para além da pobreza com que é possível pensar o Sporting e o futebol na imprensa desportiva portuguesa. Mais do que isso, move-nos desde o início a oposição ao projecto Roquette. Mais do que isso, move-nos desde o início do blogue uma concepção de clube que ultrapassa o mero consumo do espectáculo desportivo. Parece-me que a Roulote mais um conjunto de blogues e outros movimentos, como o Leão de Verdade ou a AAS, para dar dois exemplos, conseguiu colocar no mapa do debate a questão das SAD's ou trazer para o espaço público a discussão sobre um conjunto de medidas de gestão danosa de que o clube foi objecto nos últimos anos. Isto é não é educar o povo mas é partilhar informação e discutir o seu significado para além dos enquadramentos dominantes. Se contudo alguém entender que isso é educar o povo, então educador me confesso.
Compreender o que se passou no clube nos últimos 16 anos e quem teve responsabilidades em que áreas é fundamental para tomar decisões no momento da escolha eleitoral que se avizinha. É legítimo que as pessoas queiram pensar o clube apenas nos termos em que o Cacifo o faz. Parece-me, contudo, de uma pobreza confrangedora. Uma forma de desqualificação social e simbólica de um dos eixos centrais da cultura popular que tão mal é tratada nos meios de comunicação social. O futebol como forma de simplesmente aliviar tensões interessa-me muito pouco. A forma como, por exemplo, o Jordão argumenta a sua potencial abstenção no próximo acto eleitoral é reveladora destes problemas. Por um lado, despreza o poder do diagnóstico, sendo que só pode transformar o clube para melhor quem faça um diagnóstico correcto do que se passou nos últimos anos. Em segundo lugar, num gesto de maior arrogância do que aquela que me é imputada ataca os candidatos por não apresentarem soluções. Eu consigo vislumbrar diferentes propostas em diferentes candidatos e identificar diferenças entre eles. Mesmo que nenhuma das listas me encha as medidas os campos são claros. De um lado, Dias Ferreira, Baltazar e Godinho Lopes. Não vou voltar a repetir tudo o que já dissemos sobre eles aqui na Roulote. No outro lado, Abrantes Mendes, Zeferino Boal e Bruno de Carvalho. Para resumir, e também para aproveitar para formar a opinião dos dois mil visitantes que potencialmente o Cacifo pode enviar para aqui, deixo brevemente o meu sentido de voto para que não haja confusões e sobretudo para tentar clarificar a forma manhosa e imbecil como o Douglas resumiu a minha intenção de voto.
Se as eleições fossem hoje votava na lista de Bruno de Carvalho para a direcção. O meu voto no Carvalho deve-se essencialmente à questão financeira: denúncia da promiscuidade entre bancos e SAD, promessa de auditoria e de procura de equilíbrio financeiro. O que me deixa um pouco de pé atrás é a questão do fundo. Quando for apresentado logo tomo a minha decisão final. Para o Conselho Fiscal vou votar na lista independente que se vai candidatar apenas àquele órgão dos corpos sociais do Sporting Clube de Portugal. É a única escolha que faço sem reservas. A lista é composta por elementos do Ser Sporting que há anos têm vindo a defender uma auditoria às contas do Clube. Para o Conselho Leonino, vou votar na AAS apesar de todos os apesares. O motivo é simples. Defendem claramente uma reforma do sistema de distribuição de votos. Finalmente a Mesa da Assembeia-Geral. Já que vou distribuir votos por diferentes grupos parece-me sensato também fazê-lo para a AG. Aí a escolha seria entre Abrantes Mendes e Zeferino Boal. Votei em Abrantes Mendes em 2006. O problema é que em 2009 apoiou Pedrou Souto, que por sua vez apoiou Bettencourt. Portanto, está fora, apesar de ser sensível à ideia que exprimiu por diversas vezes ao longo do debate do Sporting como clube popular. Clube popular que de facto é, mesmo que outros candidatos não o compreendam. Sobra Zeferino Boal. Mas não penso votar Zeferino Boal apenas por exclusão de partes. Boal tem sido desde há muito uma das vozes mais activas contra a delapidação do património do Sporting e contra o projecto Roquette. Para além disso, e para além da dimensão estética - se rebola os olhos ou é gago - tão importante para os tontos, não esteve mal no debate. Encostou Godinho Lopes e Dias Ferreira às cordas com a questão do estádio e das linhas de continuidade. Esclareceu sobre a actuação de Luís Duque e Carlos Freitas no futebol. Demonstrou conhecimento do Sporting e sublinhou não só a importância da modalidades e a necessidade de construção do pavilhão como reforçou a ideia do Sporting como associação que permite aos seus associados a prática desportiva. Reduzir a sua intervenção à coisa dos velhos é ridículo e revela incapacidade de compreender o que está em causa nestas eleições. Coisa de tontos, portanto. Finalmente, convém não esquecer o papel que teve na denúncia do caso Freeport em Alcochete. É esse conhecimento que pode ser importante num contexto em que no caso de vitória dos candidatos da continuidade uma das próximas medidas de gestão vai ser a venda dos terrenos de Alcochete e a passagem do estádio para a SAD.
Destes argumentos resultam duas conclusões que pelos vistos os meus interlocutores no Cacifo não parecem compreender. Uma está relacionada com a separação dos poderes. Diz o Douglas do alto da sua experiência e humildade: "é uma perfeita estupidez eleger listas diferentes para órgãos diferentes… é uma noção de gestão de uma instituição que só pode surgir nas cabecinhas que, provavelmente, nunca tomaram na vida uma decisão com impacto colectivo.". Em primeiro lugar, imagino que o Douglas tome decisões desse tipo todos os dias e fala com o saber da experiência feito. Em segundo, para quem vem a seguir falar em pequenos Antónios Ferro não deixa de ser surpreendente o grau de analfabetismo político destes tipos para além das evidentes contradições que caem no mesmo parágrafo. Mas estamos cá nós para esclarecer. Caso não saibam, é a primeira vez na história do Sporting Clube de Portugal que esta situação de múltiplas listas se coloca aos sócios, o que é relevador da riqueza democrática do clube. O voto em diferentes listas para diferentes órgãos permite assim criar um sistema de controlos mútuos e independentes aquilo que se designa normalmente por "checks and balances". Ora mesmo que o risco deste sistema de equilíbrios seja criar uma situação de ingovernabilidade do clube, o que não me parece ser de todo o caso, o sentido das minhas escolhas aponta na mesma direcção. Bruno Carvalho promete auditoria. Nada como votar para o Conselho Fiscal na lista independente composta por pessoas que vêm exigindo a auditoria. Um dos problemas das Assembleias-Gerais desde 2006 tem sido a forma como os presidentes da mesa - Miguel Galvão Telles, Rogério Alves e Dias Ferreira - têm sistematicamente favorecido as direcções face aos sócios que se procuram exprimir. Nada como votar num candidato que tem colocado outras questões para além da futebolite que normalmente ataca nestas altura. O Conselho Leonino tem sido um órgão inócuo. Nada como votar em quer agendar reuniões mais frequentes e propõe uma reforma do sistema de distribuição de votos. Nenhum destes grupos se sobrepõe ao outro. Se a democracia é a arte dos equilíbrios e da negociação, na minha arrogante opinião, e apenas na minha opinião, esta é capaz de ser a melhor fórmula. Admito que existam outras, mas não me parece que elas passem quer pelas linhas de argumentação quer pelos candidatos que o Cacifo tem vindo a sugerir. O problema, e volto ao argumento da puta, é que há quem ache que quem quer pensar, para além do futebol, nas questões da democracia interna, das funções de uma associação desportiva, da relação que essa associação estabelece com os poderes políticos ou os grupos económicos é um idiota arrogante. É a vida e um clube é também feito destas coisas. Dá para todos e ainda bem que assim é. De resto, olha, ó Douglas se começares a sentir um crescimento inusitado da actividade cerebral não te preocupes pá. Só tás a estranhar porque não estás habituado. Fui!

9 comentários:

Anjo Exterminador disse...

Boa Luizinho, assino por baixo!

Leão de Stª Engrácia disse...

De todas as coisas que dizes concordo com muitas e discordo de outras, e uma delas é quando de certa forma aplaudes o papel de Boal no caso Freeport e que, pelo que tenho lido, não passou de um conluio entre políticos afectos ao PSD e CDS-PP e pessoas da PJ de Setúbal a fim de congeminar uma falsa denúncia anónima envolvendo Sócrates no caso.
Mas nada disso me interessa no sentido em que aqui - como no meu blog - o tema é Sporting e não política ( ainda por cima da baixa, que é a única que se pratica em Portugal por estes dias, quer no Governo quer na oposição ).

abraço e SL

Luizinho disse...

Anjo,

São uns otários convencidos que são muito espertos e muito modernos mas genericamente não percebem muito de coisa nenhuma. Já tinham armado um número parecido com os King Lizards. a memória é uma arma.

Leão,

Só referi o papel de Boal no caso Freeport para sublinhar que é um tipo sem medos. Terá a agenda política dele como outros terão a sua. Mas não era de política que queria falar, mas simplesmente de um tipo com coragem.

Horvaht disse...

Marrazes marrazes

Jordão disse...

Esta é a grande diferença entre nós, Luisinho. Tu bates canholas deste tamanho para ti e os teus melhores amiguinhos. És um punheteiro familiar com a mania que dizes coisas interessantíssimas par ao mundo inteiro. Levas-te tão a sério que não percebes o ridículo que és. Deixa-me que te diga que o mundo inteiro caga nas tuas ilustres opiniões. Ninguém se interessa por aquilo que tu tens a dizer. Se tens mesmo a pretensão de convencer alguém, é bom que melhores um bocadinho o que fazes neste sítio.

Luizinho disse...

És grande Jordão. Vai lá conquistar audiências...Vai explorar o mundo e ser feliz.

Luizinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
paulinho cascavel disse...

Jordão, aquele que só faltou dizer "na.na-na, a minha pila é maior que a tua", vem agora dizer que viu a do Luizinho e não gostou. Ele tá fulo.

Anónimo disse...

Caro consócio Luizinho
Se me permite uma sugestão, porque não pondera votar em si para o Conselho Leonino, porque não votar no sócio anónimo?
Em vez de votar nas ideias das outras pessoas, vote na suas ideias!