quarta-feira, 30 de março de 2011

Promessa de auditoria para enganar papalvos

No âmbito de um certo furor pacifista que trespassa parte da blogosfera leonina anda muita gente em lágrimas a interrogar-se porque é que não podemos simplesmente ser todos amigos e darmo-nos bem para benefício do Sporting Clube de Portugal. Esta forma de pensar e sentir o clube revela uma falta de cultura democrática que é difícil de adjetivar. Em nome da democracia - cuja forma já nem sequer se respeita, considerando todas as dúvidas que pairam sobre o processo eleitoral do Sporting - em nome da democracia, dizia, entendida simplesmente como a união em torno do vencedor encontramos muita gente a apelar à pacificação do clube. EnGodinho Lopes veio aparentemente contribuir para para essa pacificação ao reunir com os restantes candidatos no sentido de iniciar o processo de realização de uma auditoria externa. Claro que quem integrou um projeto onde a coerência e a verdade foram detalhes marginais ao longo dos últimos 16 anos não teria problema em faltar à verdade e usar de meias verdades para atingir os seus objetivos. No caso concreto, a imediata legitimação do seu mandato.

Dizia o Godinho na segunda-feira à noite no Dia Seguinte:

"Durante a campanha, ficou claro que iríamos avançar com uma auditoria. Não vou esperar tempo rigorosamente nenhum. Pretendo reunir-me com os outros candidatos e escolher um auditor. Não devemos ter medo de nada"

Dizia ele ao Público na sexta-feira, último dia de campanha:

"Vai promover uma auditoria?
Estou aberto, mas não será por proposta minha, porque eu acredito na honestidade das pessoas que estiveram no Sporting. Uma coisa é a competência, outra é a honestidade. A SAD é auditada todos os anos por estar na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e no resto do clube as coisas estão certas, com certeza. Mas estou aberto para qualquer auditoria proposta por um conjunto de sócios e que seja aprovada em assembleia-geral. Agora, há dois tipos de auditoria: a de gestão e a financeira. A primeira mexe com as pessoas, com a sua capacidade, competência e incompetência, mas é preciso lembrar que elas foram eleitas pelos sócios do clube. Seria um lavar de roupa suja que não leva a nada."

O problema, portanto, não é ele hoje ter reunido com outros candidatos para tentar definir os moldes de realização da auditoria. Isso seria um gesto saudavelmente democrático. O problema é a mentira de dizer que a sua lista quis a auditoria desde o início da campanha. Mente, portanto, com todos os dentes que tem. Em segundo lugar, aposto o que quiserem que a única auditoria que se vai fazer é aquilo que Godinho chama de auditoria financeira - e mesmo assim tenho dúvidas de que se ultrapasse a fase do anúncio da intenção de a realizar. A auditoria de gestão segundo o senhor "seria um lavar de roupa suja que não leva a nada". Um tiro no pé ainda antes de ter puxado o gatilho. Daqui para a frente vai ser sempre a piorar.

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