Desculpem a insistência!

Saberão os leitores decerto o que é o metro padrão. Os compêndios da escola definiam-no como a comprimento entre duas marcas numa barra de platina iridiada (as coisas que a gente sabe!) que correspondiam a 1 ⁄ 10.000.000 da distância do Equador ao Pólo Norte (passando por Paris). Mais tarde o Bureau Internacional de Pesos e Medidas redefiniu-o como a distância percorrida pela luz no vácuo absoluto em 1 ⁄ 299.792.458 de um segundo.
O que é que isto tem a ver com o Sporting? Tudo!
O que pretendo é apenas ilustrar o que é um padrão. A gente vai visitar a avó, mete-se no carro e diz: "Andei 10 km para visitar a minha avó hoje!" Ou seja, andei 10.000 vezes a distância percorrida pela luz no vácuo absoluto em 1 ⁄ 299.792.458 de um segundo para ir ver a velha. A gente vai tirar o BI, medem-nos a altura e concluem: tem 1,93 m. Ou seja, tem 1,93 vezes a distância percorrida pela luz no vácuo absoluto em 1 ⁄ 299.792.458 de um segundo. Simples.
O que já não é simples é entrar na cabeça de alguns sportinguistas, mais simplórios, que pelo padrão aplicado pela imprensa e pela generalidade da opinião pública ao Sporting, se conclui que não se trata de um grande clube.
A gente gosta de dizer que somos não sei quantos milhões em Portugal. Que somos mais que o Porto, embora sejamos um pouco menos que as papoilas. Tivesse o Bureau Internacional de Pesos e Medidas um padrão (lá está!) para o tamanho dos clubes e deveríamos portanto estar em segundo lugar na escala da grandeza dos clubes portugueses. Então porque é que sendo o Sporting tão grande, nos alinhamentos dos noticiários aparece sempre (quando aparece!) em 3º lugar?
É um exercício necessário para qualquer sportinguista que se preze: veja o noticiário de desporto das televisões, ouça as notícias desportivas das rádios, leia os jornais (desportivos, generalistas, diários ou semanários, a pagar e à borlex) e veja qual é o lugar que o SCP ocupa. Ainda hoje ouço o Freitas Lobo na RTP1 de manhã a comentar os jogos de ontem.
A abrir o comentário, o Porto, claro! Jesualdo isto, equipa aquilo, jogadores que saíram para aqui, jogadores que entraram para ali, o 4x3x3, a falta dos alas, os problemas da defesa, etc, etc. Horas naquela conversa. E a seguir do que é que o comentador falou? Do jogo das papoilas, que se vai ainda realizar. O método, a tática, o Flores para aqui, a equipa para ali. Horas naquela merda. No fim de tudo, no final mesmo do noticiário, lá veio o Sporting. E para dizer o quê? Para analisar o jogo de ontem? Não, para dizer que durante a semana houve "casos", jogadores que dizem que querem sair, pinturas nas paredes do estádio, contestação, etc, etc, etc. E falaram no Sporting porque o Braga ainda não jogou.
Digo isto tudo porquê? Porque quando o Bureau Nacional de Pesos e Medidas Jornalísticas aplica o seu padrão (lá está, o padrão...) o Sporting corresponde a 1/3 da distância percorrida pelo IP do adepto da bola lusitano. Em que IP é uma medida jornalística que quer dizer Interesse Potencial. O IP pelo Sporting é uma merda e mesmo quando se manifesta é sempre pela negativa. Ou seja, falar do Sporting, só mesmo na medida em que lampiões e andrades tenham interesse em tratar do assunto, i.e. para que, numa perspectiva de consumo interno, se fiquem a rir porque o Sporting lá teve mais um "caso"...
Agora perguntam vocês: e a culpa é de quem?
Ora aqui é que a porca torce o rabo. A culpa é de todos. Embora haja uma hierarquia da culpa. Há uns gajos que têm uma enorme culpa nisto. Eu não terei tanta, mas tenho alguma.
Mas tudo isso fica para um próximo episódio...
Uma coisa é verdade: por mais politicamente correctos que tentem ser certos Sportinguistas, por mais Sportinguistas que tentem ser certos Sportinguistas, o IP do Sporting, como o algodão, não mente: no contexto do Sistema Internacional de Unidades do Futebol (o SIUF que eu acabei de inventar!!) a distância percorrida pelo clube fica aquém daquilo que eles pensam que o clube andou. É simples.