sexta-feira, 30 de maio de 2008

Quimeras mercantis

Um relatório da Deloite mostra que apenas oito clubes ingleses apresentam proveitos operacionais antes de impostos. O relatório e a sua interpretação estão disponíveis no site do Guardian. Os números podem também ajudar a perceber a insignificância económica do futebol português no contexto europeu. Insignificância que quatro ou cinco milhões por época não vão ajudar a resolver. O grosso das receitas dos clubes é angariado nos contratos televisivos (só o Wigan receberá qualquer coisa como quarenta milhões de euros por época) no sector comercial e na bilheteira. Com estes dois últimos itens os clubes portugueses também não conseguem competir pela simples diferença no custo de vida entre estes países e Portugal. De qualquer forma, uma outra notícia mostra que o preço de um bilhete de época no Liverpool, que anda à volta das seiscentas libras, levou a que a média de idades do estádio se situe nos quarenta e três anos e que a maior parte dos adeptos "tradicionais" do clube tenham sido simplesmente priced out do estádio. Por outro lado, e analisando a evolução do custo do mesmo bilhete de época, em comparação com 1985 (quarenta e cinco libras) e acompanhando a inflação, este deveria custar qualquer coisa como duzentas e vinte libras. Só a cereja no cimo do bolo; o mais histórico clube inglês está a braços, depois de quase triplicar o preço dos bilhetes e infinitiplicar as receitas resultantes das transmissões televisivas, com uma dívida de mais de quinhentos milhões de libras, que não consegue pagar e que está a estrangular o investimento no futebol. A dívida surge porque os novos donos não tinham um tostão para comprar o clube e pediram tudo emprestado aos bancos. Empréstimo que estão a pagar com os lucros do clube, que deixam em larga medida de ser reinvestidos no futebol.
Bem vindos ao futuro!

2 comentários:

Bancada Sul disse...

Vou ser claro e directo!

Não sei se é bom ou mau a restruturação, a mim o que me interessa são os valores que adquiri por mim próprio para ser o sportinguista que sou, ao longo da minha vida aprendi que por vezes erramos, nunca saberemos se a opção que hoje tomamos pode ser a mais correcta para amanhã, nessas situações só o futuro o dirá.

Espero somente que as decisões que forem tomadas ou aprovadas sejam o melhor para o clube, caso contrário alguém terá que se responsabilizar pelos bons ou maus resultados da restruturação.

Eu enquanto sportinguista apenas exijo que o Sporting glorifique o seu nome, seja dentro ou fora do pais, seja em que desporto for, porque essa é a razão principal de eu ser o que sou.

Saudações leoninas da Bancada Sul

JG disse...

O grande problema é que andaram a venser sonhos e ilusões às pessoas e o mundo real não tem nada a ver com as utopias vendidas! Os riscos são muito maiores que as oportunidades!

Alguém vai ganhar com toda esta transformação, mas temo que esse alguém não seja o Sporting Clube de Portugal e muito menos serão os seus (cada vez menos) sócios!