sábado, 9 de fevereiro de 2008

A marca

Uma das obsessões dos novos senhores do futebol é a ideia de marca, que concomitantemente transforma os adeptos em fãs e consumidores. Quando o futebol se torna um produto como qualquer outro, tal como as fábricas, também pode ser deslocalizado. A Premier League elaborou um plano para se jogar uma 39ª jornada do campeonato em territórios exóticos que vão de Miami a Singapura. Como seria de esperar os novos proprietários dos clubes estão esfuziantes com a ideia de conquistar novos mercados para as suas marcas. Menos contentes estão os adeptos dos clubes da Premier League que depois de aumentos escandalosos nos preços dos bilhetes (que servem essencialmente para pagar os empréstimos que permitiram a compra dos clubes) vêem agora os jogos a escaparem-se-lhe por entre os dedos. Depois de num primeiro momento os jogos passarem a ter sido embalados para o adepto de sofá, fenómeno que muito bem conhecemos por cá, é chegada a hora de fazer render o peixe e levar o adepto global para as bancadas. Vale a pena ler este artigo do Guardian onde se reflecte sobre as motivações da deslocalização do campeonato inglês e a relação que tem com os novos proprietários e as novas formas de gestão dos clubes. Um dado a acrescentar será, se me perdoam o proteccionismo démodé, o efeito da entrada destas marcas nas estruturas futebolísticas locais, alvo de ataques cerrados por parte dos grandes cartéis do futebol europeu. Primeiro a televisão, depois os jogos de pré-época, finalmente as competições oficiais.

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