sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O aproveitamento da imprensa

A oportunidade e o momento escolhidos por Carlos Martins para falar à imprensa não podia ter sido pior. Independentemente de quem tomou a iniciativa a verdade é que neste momento se calhar não precisamos de mais estrilho. Todavia, a agenda da imprensa e os ataques que lhe podem ser feitos são muito mas mesmo muito relativos. Não podemos à segunda acusar a imprensa de estar ao serviço do Freitas e do Paulo Bento e à terça bradar que se encontra contra o Sporting (passe o pleonasmo). Dois momentos muito particulares permitem, talvez, compreendermos a relação da imprensa com os clubes e em particular com o Sporting. O processo que levou à alienação do património a a eleições o ano passado e a crise desportiva desta época. O modo como a agenda mediática foi construída em torno da necessidade inevitável de alienar o património imobiliário do clube não terá deixado de desempenhar o papel importante no desfecho do processo. Desde o apagamento da história de Soares Franco e dos principais dirigentes actuais do clube no projecto Roquette, até ao modo como as iniciativas extra-desportivas e imobiliárias foram apresentadas na segunda metade da década de noventa como instrumentos indispensáveis para subtrair o clube "à bola que bate na barra", passando pelo esquecimento de todos os erros e incompetências na gestão do clube. Processo que culminou com o apoio mais ou menos indisfarçado à "vaga de fundo" que levou, por sua vez, à candidatura de Soares Franco à presidência do clube, depois de o próprio ter dito que se o projecto não fosse aprovado se iria demitir. Em tempos mais recentes e com o "período de reflexão" a que Freitas se submeteu não deixaram de aparecer na imprensa os encómios a gestor de primeira apanha, recordando-nos as vitórias e as contratações gloriosas dos últimos oitos. O mesmo aconteceu com Paulo Bento nos momentos de maior dificuldade. Agora, em tempo de vingança de Carlos Martins, não deixa de ser estranho o silêncio da generalidade dos meios de comunicação social portugueses, e em especial da imprensa desportiva, relativamente ao homem de Coruche que está a lever os adeptos de Panhatinaikos ao delírio. Sendo que, para mais, se trata da única equipa que soma três vitórias na fase de grupos da Taça UEFA. Afinal, em que é que ficamos? Temos ou não temos campanha?

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