quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Tourada do Sporting

Não sei se as pessoas sabem, mas dia 28 vai acontecer um fenómeno, nómeno, ou epifenómeno digno das melhores versões B rosweltianas.
Não sendo despiciendo o que o Cacifo escreve, resolvi também aderir à solene iniciativa.
É que na monumental praça do campo pequeno vai decorrer a corrida das bandarilhas (acho que é isso).
O Sporting, ou quem parece que dirige o clube decidiu, em mais uma prova de génio, calar os detractores do regime franquista através de uma exibição de ecletismo no clube - Uma corrida desportiva com o binómio touro (animal mamífero, ruminante, artiodáctilo, com par de chifres não ramificados, ocos e permanentes, do género Bos) - homem (animal bípede da família dos primatas pertencente à subespécie Homo sapiens sapiens).
De facto os dois animais vão competir na arena, sendo que uns vão a pé e outros vão se movimentar através de outros animais se moventes designadamente um cavalo (do latim caballu, é um mamífero hipomorfo, da ordem dos ungulados, uma das sete espécies modernas do género Equus. Esse grande ungulado é membro da mesma família dos asnos e das zebras, a dos equídeos). Portanto tudo gente próxima.
Não podia de deixar de me associar a esta grandiosa demonstração de pujança ecléctica do clube, e nunca é demais frisar que após mais um ano desta iniciativa o COI está mesmo a pensar atribuir mais uma medalha de honra ao Sporting pelos serviços prestados na divulgação e sedimentação desta modalidade onde pontificam os bois.
Aliás ainda não experimentei, mas já me garantiram que quando o acto atinge o seu zénite, espetar a bandarilha, é possível atingir o prazer mental. No fundo é como espetar uma baioneta num invasor (céus como tenho saudades daqueles tempos de invasões napoleónicas).
Eu atrever-me-ia a sugerir umas quantas acções para engrandecer ainda mais a nível planetário e arredores a grandiosidade do Sporting, e como a tradição é para se manter e apoiar eu sugeria, assim, logo antes de o touro entrar, colocava-se um cristão preso a uma estaca e largava-se o touro a ver se o marrava, e aproveitar de seguida à tourada para promover um auto de fé com a queima dos hereges apóstatas e afins.
Aí para alturas do ano novo, uma demonstração de vivissecção de raças impuras e criminosos, de forma a apoiar o espírito da lei e da ordem natural das coisas.
Pela altura da primavera um escrutínio das mancebas maduras e não desfloradas de forma a apurar a sua castidade para servirem os bons moços da nossa terra. Aproveitando o Tejo, as que se julgarem impuras irão ser amarradas com pesos e deitadas ao rio, donde as mal julgadas, obviamente iriam emergir à superfície por desígnios metafísicos.
E para não ser muito extenso para encerrar a temporada, antes das idas a banhos, aproveitar o recinto do estádio, pois até tem um fosso, para se realizarem um tradicional evento de leões e cristãos, donde os mais fortes ganham aos mais fracos.
Durante o período de férias poderia-se mesmo fazer constar das festas oficiais do clube uma caça à raposa (agora que aqueles sub-desenvolvidos dos britânicos a proibiram é altura de os fazer ver o que é um país desenvolvido e de cultura humanística), e umas lutas de cães e ursos com cães.
Sei que a minha contribuição é modesta, mas penso que o ecletismo do clube e o seu nome poderiam ter muito a ganhar com o patrocínio, também, destas causas.
Ave, Mauricius, morituri te salutant

10 comentários:

pedro-tantum disse...

Ás vezes tenho vergonha em ser Sporting...esta é uma dessas vezes!
a vontade q dá é ir lá com 20 manfias e foder aquela merda com petardaria e tochada para cima da bancada vip.

Anónimo disse...

agora fizeste um hat-trik, yazalde!

Luizinho disse...

Nem mais!!! Viva o ecletismo!

luis ferreira disse...

Que não se goste de Soares Franco é um gosto como qualquer outro,não se discute. Que não se concorde com as iniciativas da direcção do clube é uma opinião válida como qualquer outra e permite discutir os temas. Mas as touradas, como as idas ao circo no Natal, já existem no Sporting há anos. Pode não se concordar, mas é demagógico atribuir a iniciativa á direcção do Sporting como algo de novo, que não é, e que ela teria decidido pela primeira vez.
As iniciativas do clube nem sempre têm a ver com o ecletismo. Por exemplo, as reuniões nos núcleos e filiais em jantaradas a homenagearem atletas ou simplesmente a celebrar o amor pelo Sporting não pertencem ao âmbito do ecletismo.
Assim é bom que cavaleiros tauromáquicos e matadores adeptos do nosso clube possam participar na corrida do Sporting que é um evento sportinguista e popular.
Pode-se gostar ou não de touradas, como de circo ou como de fumar. Quem quer vai, quem não quer fica em casa. O Sporting não é um partido político e felizmente tem pessoas com as mais variadas opiniões com uma coisa em comum...gostam do Sporting.
SL

Anónimo disse...

http://br.youtube.com/watch?v=EzQ_NBV5Z4g

..."quem não gosta vira a cara para o lado"...

paulinho cascavel disse...

Caro Luis Ferreira,

Esta "opinião" do Yazalde, como diz, válida como qualquer outra, é uma sátira meio burlesca e como tal não acho que pretenda atribuir a responsabilidadeda tourada como uma inovação da nossa direcção mas somente caricaturar o facto de ela ainda fazer parte do nosso calendário de eventos. Ma isso o Yazalde saberá esclarecer.
Eu, por exemplo, acho bem que o circo de natal (sem animais presos e sedados em jaulas como é obvio) continue ou que se possa fumar no estádio. Mas acho mal que se continue a manter esta tradição. E isto tem tanto de político quanto a posição oficial do sporting ao organizar as touradas e demais eventos. Ou seja, do mesmo modo, aqui ninguém está a politizar ou inventar nada (nem creio que faça muito sentido pensar nisto como uma coisa político-partidária visto que ser contra ou a favor das touradas estará longe de corresponder à simples aritmética da esquerda/direita).
Um comentário final à sua ultima frase: "O Sporting não é um partido político e felizmente tem pessoas com as mais variadas opiniões com uma coisa em comum...gostam do Sporting."
Saiba que nós na roulote representamos fielmente essa evidência. Lutamos por um Sporting de todos e para todos os sportinguistas. Eu sugiro portanto que reencaminhe a frase para a o Edifício Visconde (ou para Opca sei lá) pra ver o que eles têm a dizer sobre isso.

Agora é que é mesmo o ultimo comentário: Então e os sportinguistas fãs do jogo da malha, do sado-maso, do volei, do Fandango, da roleta russa? Por essa ordem de raciocínio não merecem um evento patrocinado pelo tio Maurício?

SL

Anónimo disse...

O teu post mais divertido até à data Yazalde! É realmente uma vergonha que ainda hoje esta tradição se mantenha quer no Sporting quer na nossa cidade. Lisboa esteve bem melhor enquanto o Campo Pequeno estava fechado para obras.

Aquele abraço,

Pedro

Yazalde disse...

Caro Luís Ferreira:

De facto não sei se a ideía é da direcção do Sporting, mas não dúvido que seja apoiado por ela, pois de outro modo haveria uma situação de ilicito sancionada por lei, o que não é o caso. E também acredito que alguém da direcção do Sporting, Maurício do Vale, seja apoiante e impulsionador deste tipo de eventos. E se a direcção do Sporting não concordasse a tourada não se realizaria. E porque o Sporting é dos Sócios e enquanto for sócio emitirei as minhas opiniões.
SL

Virgílio disse...

Isto é 'coisa' daquele gajo que andou pra aí a escrever um 'tratado' acerca da indumentária que se deveria apresentar pelas tribunas de Alvalade... Lembram-se?

Enfim, de futebol percebe ZERO, mas de touradas, jerseys e gravatas o gajo é perito...

Esta pode não ser uma iniciativa da actual Direcção, mas ao permitir que continue está a pactuar com este tipo de eventos, que na minha opinião não ELEVAM o nome do Sporting!

SL!

Unknown disse...

Será que o kadafi dos pneus é cristão? Se o for, apoio a ideia de o amarrar à estaca e, assim, já vejo qualquer utilidade na tourada...