quarta-feira, 4 de junho de 2008

Porto e Uefa

Após a informação de hoje na qual o porto ficou exluido da liga dos campeões na próxima época, é bom relembrar, primeiro, que a decisão admite recurso.
Em segundo ponto está pendente a decisão do recurso na fpf, e aqui a questão de fundo que se coloca é que o recorrente foi o presidente do porto enquanto agente prevaricador da tentativa de corrupção. O clube que foi condenado e não recorreu foi o afectado com a conduta condenada do seu presidente enquanto agente causador do facto.
Agora é preciso não esquecer que os factos são os mesmos, mas existem duas pessoas condenadas, uma singular que é o pinto da costa e outra colectiva que é o porto.
Sendo o mesmo facto existe um principio básico no direito português e no direito internacional em geral no qual o recurso aproveita a todos, mesmo os que não recorrem.
Ou seja o recurso do pinto da costa pode aproveitar ao porto não tendo este recorrido, pois os factos em causa são os mesmos.
Imaginem que vocês e um vosso amigo assaltam um banco, vocês entram e fazem o serviço e ele fica no carro. Em primeira instância são ambos condenados, vocês por assalto ao banco e ele por comparticipação (simplificando as coisas). Ele recorre e vocês não. No recurso ele tem provimento absoluto e não se provou que houve assalto ao banco. Vocês que não recorreram vão aproveitar este recurso e é como se não tivesse assaltado o banco.
Agora porque penso que a decisão da uefa é ilegal.
Independente dos recursos, e que tal recurso pode implicar mudança de posição na uefa, cabe dizer que esta alteração nos estatutos é de 2006.
Em portugal e na generalidade dos países ocidentais, incluindo a suiça, na qual a uefa tem os seus estatutos como associação de direito privada, existe um princípio geral da não retroactividade da lei, ou seja, a lei só se pode implicar para o futuro. Pegando na lei penal e mesmo na lei penal internacional (excepção do tribunal de nuremberga) só pode haver punição se há data dos factos, esta estiver prevista na lei.
Agora imaginem que vocês em 2004 cometem uma infracção de trânsito que é crime, como conduzir com álcool em excesso no sangue e que nessa altura a sanção prevista é apenas pagar uma multa. Mas só vêm a ser julgados em 2008, e a lei foi alterada em 2007 e nesta alteração além da multa era previsto que ficassem privados da carta de condução por um ano. Assim seriam punidos por uma alteração posterior à prática dos factos com uma sanção mais gravosa do que aquela à data dos factos, logo haveria uma retroactividade que até é inconstitucional e ilegal no direito internacional.
Mas estamos numa situação de uma associação para-universal, que ao que parece manda mais do que qualquer tribunal de um pais ou convenções internacionais.
Agora depois quando eles de novo vierem cair em cima de Portugal como se passou no caso do gil vicente não chorem. É ver como a juventus recorreu para os tribunais civis e nada aconteceu á federação italiana, ao invés das ameaças à federação portuguesa.
Saudações Leoninas

8 comentários:

Enigma disse...

Tudo bem, só não concordo com o abuso dos "há" em vez de "à".

Yazalde disse...

Boa vista!

Barbosa disse...

Epá, só identifiquei um "há" em vez de "à", por isso acho que não abusaste.

Quando coloquei o post anterior, obviamente considerei a possibilidade de recurso, apesar de no mesmo dar a entender a total consumação do facto.

Porém não me apercebi que a possibilidade do Porto ganhar o recurso (e com base no teu post) era tão plausível! Por outro lado não me cabe na cabeça que este ponto não tenham já sido ponderados aquando da decisão de exclusão. Para quem percebe de direito parecem demasiado simples para terem sido esquecidos! Mas também percebo que a justiça gosta é de andar a brincar aos recursos....

Enigma disse...

...só pode haver punição se há data dos factos, esta estiver prevista na lei."

Escapou este, Pantera. Os outros foram corrigidos.

SL

Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Barbosa disse...

Humm..se os outros foram corrigidos, o minino Yazalde é um malandreco...mas pronto está desfeito o Enigma :P

abraços

Anónimo disse...

Bem Yazalde,

De facto legalmente há muitas questões que podem ser discutidas. Para não variar, neste caso a lei é passível de ser interpretada de maneiras diferentes.

No entanto existe aqui um problema que a meu ver é muito mais importante que estes detalhes técnicos.

Ficou provado que o FC Porto tentou corromper árbitros. A FPF, corajosa como sempre, castigou o infractor retirando 6 pontos (!!!!) num campeonato em que tinham 20 de avanço do 2º lugar. Por uma burocracia bem menos importante, o Belenenses também perdeu 6 pontos esta época...

Até a esta decisão da UEFA, eu achava incrível como ninguém se revoltava mais com essa situação. Então prova-se que um clube tentou alterar a verdade desportiva (quantas mais vezes não terá acontecido isso) e o clube não é castigado? Bem podem argumentar que o presidente é que deveria ser castigado, e não o clube, mas se uma empresa faltar às suas obrigações por opção do seu presidente, esta também tem que ser penalizada. Aqui aponto o dedo à direcção do Sporting! O nosso clube tem lutado há anos pela verdade desportiva no futebol em Portugal, e quando finalmente se comprovou algo de uma dimensão incrível, ficámos calados e acatámos a decisão da retirada dos 6 pontos calmamente. Já o SLB, que tantas vezes foi beneficiado no passado (e por vezes ainda hoje), por intermédio do seu presidente, bateu-se pelos seus argumentos. Não teve medo de fazer acusações e de lutar pelo que acredita.

Fala-se que a UEFA tem dois pesos e duas medidas para Itália e para Portugal. Mas em Itália, a federação italiana enviou a Juventus para a 2ª divisão, e retirou muitos pontos ao Milan, para além de ter retirado postumamente os títulos que a Juventus tinha ganho e entregá-los ao Inter. Na nossa federação tudo pareceu uma anedota. É natural para mim que a UEFA tenha que agir assim, quando a federação portuguesa não se mostra à altura de defender o futebol português.

Para mim, tudo o que está a acontecer ainda é pouco para o FCP. Deveriam ser retirados os títulos que o FCP ganhou nessa época, deveria ser castigados a sério com uma descida de divisão ou retirada de pontos que realmente castigue o clube, e não apenas faça cóçegas.

A mim espanta-me que A Última Roulote, que tanto luta pela verdade em todos os aspectos da vida do clube, tenha também ficado apática em relação a esta situação. A meu ver, desde o dia em que se soube o castigo da FPF, deveriam ter havido manifestações de desagrado nos estádios e fora deles, vozes e gritar pela verdade desportiva, exigências à direcção do Sporting para que agisse, exigências à FPF para que castigasse realmente os prevaricadores, abaixo-assinados... Mas não... O que aconteceu foi uma apatia generalizada, em que à primeira vista o único clube realmente castigado tinha sido o Boavista. A UEFA vem pôr alguma justiça no futebol português, apesar que ainda escassa. Espero que venha a ser o início de muitas outras consequências para o FCP e de descobertas de mais casos no futebol português.

Saudações Leoninas,

Pedro Candelária

paulinho cascavel disse...

Pedro Candelária,
Estou inteiramente de acordo. Só não acertou em duas coisas:
- o castigo foi aplicado pela Liga e não pela FPF (e do mal o menos, com o Madaíl & Cª a decidirem o FCP ainda era capaz de sair de lá com pontos somados..);
- a Última Roulote, neste aspecto particular, fartou-se de exprimir e expremer a sua revolta sobre o caso (basta pesquisar nas etiquetas ou aqui:
http://ultimaroulote.blogspot.com/2008/04/crimes-fruta-e-justia.html
http://ultimaroulote.blogspot.com/2008/04/crime-e-castigo.html
http://ultimaroulote.blogspot.com/2008/04/crime-e-castigo-ii.html
http://ultimaroulote.blogspot.com/2008/05/intencional-premeditado.html
http://ultimaroulote.blogspot.com/2008/04/futebol-para-intelectuais.html
http://ultimaroulote.blogspot.com/2008/05/leitura-obrigatria.html
)

Ah, e quanto ao silêncio da administração do clube tb tem uma explicação´. Soares Franco quer pouco saber da verdade desportiva. A ele preocupaa-lhe o efeitos da mediatização e de castigos como estes da UEFA sobre a imagem do futebol e dos prejuízos daí decorrentes para os investidores. Por isso é que ele não piou.

Sad'acções leoninas!