No futuro o Sporting vai deixar de ter a maioria de capital da SAD? Os sócios incomodam-se sempre com isto, em qualquer clube. Para si, esta questão é ou não é importante?
Primeiro: quando foi feita a lei das sociedades desportivas, não se permitia que os clubes tivessem mais de 40% das SAD. O espírito da lei era exactamente os clubes não controlarem o capital social de uma SAD. Foi introduzida depois, na lei, uma variável que permite, de uma forma indirecta, os clubes terem mais de 50% das SAD. Não conheço nenhuma empresa cotada em bolsa em que um accionista com 40% não domine qualquer assembleia-geral.
Até ao dia em que alguém fizer uma OPA e ficar com os outros 60 por cento
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O Sporting tem acções da classe A, e os accionistas que fizessem uma OPA, que são os que têm acções da classe B, numa assembleia-geral, mesmo com 60% do capital, só teriam direito a 10% dos votos. Os estatutos da SAD do Sporting blindam essa possibilidade [de alguém controlar que não o clube].
No futuro, seria preocupante para si, como sportinguista, que o clube viesse a poder seguir um caminho igual ao do Manchester United, ou do Chelsea, em que um magnata investe e depois tenta conseguir os melhores resultados para oferecer aos adeptos?
No Sporting, e na SAD, isso não é [actualmente] possível. A gestão será sempre do Sporting.
Mas, se fosse possível, isso era preocupante?
O novo paradigma da competitividade pode passar necessariamente por isso. Eu tenho uma cabeça bastante aberta relativamente a esses temas, desde que se mantenha o espírito de adepto ligado a um emblema.
Como em Inglaterra?
Culturalmente, em Inglaterra todos os clubes nasceram como sociedades. O que eles têm depois é uma associação de adeptos, que elegem e que negoceiam com o detentor do capital da sociedade os benefícios que vão ter. A gestão está entregue a quem investe. Os clubes em Portugal têm raízes culturais totalmente diferentes, e portanto, não estão preparados para essa revolução. O tempo fará com que a mentalidade se vá invertendo.
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