domingo, 10 de maio de 2009

(In)decência e liberdade da imprensa

«Paulo Cristóvão, em directo para a rádio Alenquer...» foi este o primeiro dos únicos jornalistas a colocar uma questão ao candidato da lista 'Ser Sporting'. Na sala, estavam presentes muitos jornalistas de microfone na mão. Ao meu lado, o inconfundível Nuno Luz, passou o tempo todo a brincar com o seu telemóvel novo (pela pinta é dos que tuitam, cruzes!), interrompendo apenas para ordenar ao operador de câmara que filmasse o Dias da Cunha. Alguém quer colocar mais perguntas? Ninguém queria...

Como ninguém quis, n'A Bola, no dia da última AG, perguntar a J. Roquete o porquê do seu projecto ter falhado. Como justificaria ele apoiar a radical reformulação de um projecto que partia do reconhecimento da caducidade dos modelos de gestão iniciados nos mandatos - incluindo o seu - anteriores? Vítor Serpa, não quis saber disso. O próprio director, encarregou-se do serviço ao domicilio, fazendo, na 1ª página, uma ode ao pai de um "Projecto" ancorado num património que já era, aclamando o sinistro empresário como alguém genuinamente precupado com o futuro de um clube que ele próprio afundara num passivo asfixiante e que, na hora certa, qual agente priviligiado, soube sair de cena e salvaguardar o "seu".
Enquanto V. Serpa beijava a mão, o outro acompanhante ajoelhava-se abaixo do nível do ventre de Roquete e dava-nos a fotografia de capa: Roquete, olhando-nos de cima, com o seu ar de rigor, à frente da sua lareira de rigor, sentado no seu canapé de rigor. No dia da AG, folheei o resto do jornal à procura de uma voz que transmitisse as razões do 'Não', mas foi em vão..

Nesse mesmo dia, O Jogo, tratou - não sei se cobrou - da encomenda do mapa dos Núcleos que defendiam o 'Sim', sabendo nós depois, através do jornal Sporting, que muitos dos representantes estavam convencidos de ter votado numa descentralização do poder de voto. Quem apenas ouviu SF falar nesses dias o resultado só podia ser este: nem sabiam bem no que estavam a votar. Nem eles nem um amigo meu que votou 'Sim' porque era "a favor que os Núcleos pudessem votar sem vir a Lisboa". É um tipo com doutoramento ou lá o que é.

Apresentados os primeiros candidatos, A Bola, continua na estratégia da não notícia. No pasquim do Bairro Alto mudam-se as comadres mas a "conversa" sempre a mesma. Lembro-me logo desse sujeito anafado, trabalhador sem pudor, de nome Bernardo Ribeiro. Nos últimos anos, ao primeiro parágrafo seu, já o via a ronronar e a roçar pelos pés da secretária a cada vez que escrevia o nome 'Soares Franco'. Nem quero imaginar o seu vigor jornalístico se a dama dos seus olhos passar agora a ser precisamente aquele que lhe segurava a trela e amansava o pêlo...

foto: Carlos Cruz, administrador da Cofina e vogal do CD presidido por SF e candidato a seu sucessor


Em certa medida, o nosso jornalismo desportivo é aquilo que os consumidores querem e permitam que o seja. Há muito que não compro o Record ou a Bola. Vou preferindo a Internet e a blogosfera. Aqui, regra geral, consigo encontrar a decência, diversidade e liberdade que a imprensa desportiva tem preferindo mandar pro caixote.

6 comentários:

Cozinheiro Sueco disse...

Grande Paulinho! Post brilhante!

Abraço Leonino!

MRG disse...

Entrevista com PPC à Antena 1:

mms://195.245.168.21/rtpfiles/audio/wavrss/desp/futebol/338991_32778.wma

pedro-tantum disse...

por essas e por outra é que considero a ùltima AG uma Vítoria estrondosa dos que defendiam o Não.

abarço

resmengha disse...

Bernardo Ribeiro, "A Voz do Dono", e não Bernardino.

O 7 Maldito disse...

Grande post!

paulinho cascavel disse...

resmengha,
tá bem visto. perdoem-me os verdadeiros Bernardinos Ribeiros por vos ter manchado assim o nome...

saudações leoninas a tdos!