quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As noites europeias

Confesso que tenho um gozo especial pelas "noites europeias". E não hei-de estar certamente só!
Os jogos, os golos, as jogadas, as tácticas, o melhor jogo, o melhor golo, as classificações, quem passa, quem não passa, quem vai à UEFA, tudo isto constitui um universo que me dá gozo e que eu naturalmente percebo que dê gozo a muita gente.
Há mesmo uma solenidade muito particular nestas "noites europeias", que constituem um ritual quase religioso. 
A televisão é neste aspecto um veículo com um papel muito especial. Tendo ou não oportunidade de ver algum jogo ao vivo, a televisão torna-se um complemento imprescindível de todo este sistema. Os telejornais, enchem-se de notícias sobre tudo isto. Os horários principais são preenchidos com jogos em directo, jogos em simultâneo, visíveis até de vários ânglos (para quem pode...), resumos mais ou menos alargados, entrevistas, opiniões, enfim, por uns momentos a televisão deixa de ser a coisa deprimente que é habitualmente, os telejornais deixam de abrir com o escândalo, o desastre, a notícia sobre a corrupção, o crime, a guerra, o atentado, a pobreza, os assaltos, etc, etc, para abrirem com a notícia de que este ou aquele clube passou mais uma fase da Champions, para mostrarem as jogadas, desmontarem as táticas, darem as entrevistas, anteciparem cenários e gerarem a expectativa do sorteio.
Tudo coisas importantíssimas, reflexos afinal de uma outra guerra, a da natureza humana profunda, estampada nas camisolas dos clubes de futebol, uma guerra sublimada, feita dentro de limites e regras próprias, uma guerra perfeitamente aceitável por qualquer pacifista, como eu, que se preze.
O cenário que traço aqui tem, bem sei, algo de idílico, mas no geral é isto que se passa.
É a força do futebol. Elemento de união, criador de equilíbrios, ponte de gerações, de géneros e de culturas, originado no confronto desportivo. Aquilo que, no final, todos os verdadeiros adeptos do futebol buscam. Tão simples como isso.
E que alguns (dirigentes, agentes e outras gentes) teimam em destruír para servir objectivos que têm mais a ver com o lado de lá --aquele que referi anteriormente que gera as guerras a sério, a fome, os desequilíbrios sociais, os atropelos aos direitos humanos, etc-- do que com o lado de cá. 
Pena que agora só voltemos a ter "noites europeias" daqui a uma data de tempo...

1 comentário:

Anónimo disse...

Partilho o mesmo sentimento por estas noites. Acrescentaria somente que estas noites e estes acontecimentos são semelhantes por toda a Europa do Futebol, desde Barcelona a Amesterdão, Londres a Kiev. Há um fascínio e magia no ar que a UEFA conseguiu incutir nos espectadores de futebol.

Abraço,
Pedro
Pedro