quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Análise de conteúdo

A oligarquia que gere o Sporting não descansa. Hoje é a vez de Ernesto Ferreira da Silva dar mais uma entrevista. Em linguagem técnica chama-se a isto apalpar o terreno. O homem que lidera a BDO, a auditora da SAD e do BPN, a única que o BPN não despediu (vá-se lá saber porquê), acha que os sportinguistas têm de de avaliar esta direcção pelos resultados apresentados neste mandato. Trata-se portanto de esquecer o passado. Acha também que os sportinguistas têm de estar "orgulhosos do trabalho feito por toda a SAD". Eu como sportinguista não estou nem deixo de estar orgulhoso do trabalho da SAD. É a direcção do Sporting que me tem de prestar contas. A SAD não me é rigorosamente nada. Com um requinte sociológico só comparável a homens como Durkheim, Weber ou Bourdieu diz que o problema da militância, que é reduzido no discurso de Silva à aquisição de bilhetes de época (isto é, à questão do consumo), está relacionado com o facto de as pessoas sairem menos de casa do que no passado, e que, por conseguinte, é um problema que afecta inúmeras outras actividades de consumo cultural. Mais ainda, relaciona essa quebra com o processo de gentrificação e comodificação das cidades "Não é por acaso que os autarcas se queixam de que os centros das cidades estão desertos." Mande de lá esses estudos e essas referências bibliográficas homem, que está a caminho de um lugar central na teoria social contemporânea. Passada a análise macro, continua a sua análise aos comportamentos associados aos consumos culturais populares no nível micro. Diz que os adeptos são todos uns bêbados de merda: "em Outubro estive em Londres e vi o Chelsea-Liverpool, jogo disputado às 13h30 de domingo. As pessoas ficam com o resto do dia livre após uma boa partida; àquela hora não terão ingerido tanto álcool como noutras alturas do dia, o que, convenhamos, não é despiciendo". Resta saber para o que é que não é despiciendo, já que o senhor Silva, num passo de génio, liga o consumo de álcool e o grau de preenchimento das bancadas às transmissões televisivas para o médio oriente. Como se diz aqui na rua "sempre a bombar". Para o caso da sua candidatura não dar certo, é o próprio jornal que lança a hipótese Rogério Alves. Para não se correr o risco de não ficar tudo em família.
Sobre o congresso e apesar da propalada crise de militância, a que aludiu umas perguntas acima, tinha medo que aparecessem dez mil pessoas: "achámos impossível fazer um Congresso para dez mil delegados e puxámos pela imaginação!". Mais, portanto, do que numa série de jogos esta época.

5 comentários:

Anjo Exterminador disse...

Mais um "artista" que não poucos papalvos julgam reunir as condições para ocupar a presidência do SCP.
Já o outro tinha avisado da história da Hidra e da capacidade que este animalzinho tem para regenerar as cabeças, mesmo depois de cortadas.
E mais um indício: o pipinho, cumprido o frete, já encostou...

Anónimo disse...

Observando a coisa sob o prisma de EFS, a correlação "maior consumo de álcool=menor afluência aos estádios" tem pelo menos a virtude de explicar a ausência do girafa em alguns jogos.

Anónimo disse...

Esqueci-me: acho que esta entrevista, para além de explicar em detalhe o fandango que se vai dançar em Santarém (o Congresso vai "ter" um espectáculo de variedades? eu diria que vai "ser"...), esta entrevista serviu para enterrar à nascença a candidatura do Rogério Alves, que é reduzido à condição de criatura do próprio Ernesto e a quem se aponta a necessidade de uma maior "vivência" para chegar ao grau iniciático necessário para ser ponta de lança do Banco Espírito Santo e do senhor Joaquim Oliveira.

Anónimo disse...

Coitado do Varandas e das suas pulgas amestradas, que têm trabalhado tanto para puxar o lustro ao Rogério...

Anónimo disse...

E coitado do próprio dr. Alves que se coloca tão a jeito para lhe puxarem o lustro e assim vê a sua acção deslustrada...