quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O futebol português já entrou em deflação

A situação económica ameaça colocar os agentes do futebol português todos à porta dos Centros de Emprego ou a tentar a sua chance nas Novas Oportunidades. Desde há anos que vamos tendo sinais que os ventos não estão de feição para o desporto-rei em Portugal, mas os responsáveis dos clubes, dos organismos associativos e da tutela e os próprios atletas preferiram assobiar para o lado e agir como se tudo estivesse na maior.
A questão que hoje domina as notícias da bola, da eventual greve do Estrela, no seguimento, de resto, de situações semelhantes que se passaram com o V. Setúbal e o Boavista nas duas últimas épocas, constitui (mais) um caso cujas implicações vão muito para além de um "conflito laboral". Há que ter em conta os aspectos não imediatamente tangíveis que todo este processo acarreta.  
Numa contexto de reiterada convulsão no decorrer das provas desportivas, em que a excepção de repente se torna regra (como tem sido o caso na Liga), em que o anormal é a norma, não são só os clubes directamente envolvidos que sofrem. Todos os outros são afectados, mas ninguém parece importar-se. 
Os adeptos olham entretanto para tudo isto e interrogam-se. 
Não se trata de um problema de hoje, nem uma simples situação de salários em atraso. O produto que nos tem sido oferecido está há muito deteriorado e o resultado tem sido o êxodo das bancadas. Que vai continuar e intensificar-se.  Comparado com isto, na minha opinião, o Apito Dourado, é uma brincadeira. 
Preocupados com a eliminação do "défice", com a conquista de títulos, seja como fôr, com as "manutenções" forçadas e outros problemas da maior gravidade, os boçais dirigentes dos nossos clubes esqueceram-se dos adeptos. E, sem adeptos não há bola. Os responsáveis do poder que tutela o desporto lembram-se de muita coisa, mas esqueceram-se dos adeptos. E sem adeptos, não há bola. Os dirigentes das associações falam para dentro, esqueceram quem paga e não preservaram os direitos dos adeptos. E, sem adeptos não bola. 
No dia em que se sabe que Portugal caíu no ranking da FIFA, podemos dizer que a situação do futebol português é bem mais tóxica que a crise do subprime
Toda a gente fala da greve do Estrela, mas ninguém reparou ainda, mesmo a sério, na greve que há muito vai nas bancadas...

4 comentários:

Anónimo disse...

Mais um motivo que afastam as pessoas são as constantes interrupções da Liga. Aconselho a leitura da seguinte notícia do MaisFutebol:

http://www.maisfutebol.iol.pt/noticia.php?div_id=1498&id=1022831

Abraço,

Pedro

Anjo Exterminador disse...

Isso é um dos outros aspectos que revelam a pouca importância que é dada aos adeptos. A crítica aos horários e calendários desportivos é generalizada e forte. Contudo, é de perguntar, quem é que (da parte de quem tem poder para alterar isso) alguma vez tentou implementar uma alternativa séria?
O futebol não está em deflação, como eu digo, por razões de natureza mística. É por causas concretas.

Luizinho disse...

Por falar em deflacção: http://www.guardian.co.uk/football/2008/dec/18/barclays-sponsorship-premier-league.

Parece que o Barclays está seriamente a pensar em cancelar a partir da próxima época o patrocínio à premier league. num contexto em que as ligas e os investimentos são cada vez mais insustentáveis e os adeptos também vão dando de fuga não era mau que alguém desse uns jornais a ler às próximas grandes coisas do futebol europeu que pupulam por Alvalade e acham que o mundo gira à sua volta.

scpgz disse...

Não percebo...em Inglaterra, onde os estádios estão sempre cheios e porventura as receitas televisivas deverão ser bem boas, os horários dos jogos não têm nada a ver com os nossos.
Os outros devem ser burros e nós espertos!