sexta-feira, 22 de abril de 2011

João Pina campeão europeu! (Fica aqui os meus parabéns pois só soube agora depois de ter transcrito esta posta sobre a posse de bola do Barcelona)

Enquanto Jesus não é crucificado na cruz (resta saber se em Coimbra ou no Minho) e enquanto o Sporting continua na mesma, o João Pina não chega ao aeroporto com a medalha de ouro, vejo-me na circunstância de me virar pro Real Barcelona.
Já estou bem habituado às cretinices de jornalistas que, de tanto apego às banalidades ou falta de desapego ao manguito do Ronaldo na Luz, apenas se desacreditam e maculam o seu ofício. Mas não é da disputa Ronaldo vs Messi que aqui me traz.
É da superioridade moral do jogo do Barcelona. E da ligeireza com que muitos carimbam a melhor equipa do mundo da actualidade como a melhor de todos os tempos, ainda que esta só tenha ganho uma champions. Tem tudo ao seu alcance para ganhar mais duas ou três. Dependerá agora se se consegue manter na lucidez de Guardiola ou se cairá com a sobranceria de Xavi.

Para além do artigo de Carlin, espreitem portanto esta posta (aqui resumida) bem confeccionada por Miguel Pereira no Em Jogo.

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A posse de bola é uma questão de moral"! Em Barcelona tentam vender essa superioridade intelectual mas o futebol está repleto de muitas morais...


Há uma histeria colectiva no ar. Irrespirável por certo.

Talvez o mesmo grito surdo que tinha rasgado os ouvidos de tantos no passado. O futebol está repleto de espartanos. De bárbaros. De egípcios preguiçosos. Mas há só uma Atenas. Uma reluzente capital da razão, do conhecimento, da verdade absoluta. Barcelona quer ser a Atenas do futebol mas para sê-lo antes tem de convencer o mundo que todos somos bárbaros, espartanos, persas, egípcios e ignorantes. E que devemos contemplar e adorar a luz da razão sem queixume. Os ensinamentos de Sócrates, Platão, Aristóteles são hoje as palavras de Cruyff, Xavi ou Rexach. Claro que Guardiola, nisto, não é como Temistocles, arrogante até ao fim.

Ouvir hoje Xavi Hernandez, talvez o melhor jogador espanhol da história, é algo profundamente comovedor. A roçar o ridículo. O centro-campista que pauta o jogo da escola blaugrana quer emergir como o arauto dessa verdade absoluta e impoluta.
(...)
Talvez, no meio de tudo isto, Guardiola seja aquele que melhor percebe esta realidade. Afinal, ao contrário dos seus, ele correu mundo e ouviu antes de agir. Ouviu Bielsa, ouviu Capello, ouviu Sacchi, ouviu Van Gaal, ouviu Ferguson, ouviu..pasme-se, Mourinho. E percebeu que como na vida também o futebol tem muitas morais. E nenhuma é superior à outra.
(...)
Porque, não nos enganemos. O Barça já não joga futebol: evangeliza. Educa o futuro. Quando Messi chuta a bola contra os adeptos rivais, ri e depois muda por completo a expressão facial, está a evangelizar. A fazer com que o Mundo acredite que o seu semi-Deus actual (como já foram Ronaldinho, Rivaldo, Figo, Ronaldo, Romário...todos não-catalães, todos mercenários da nova Atenas) é incapaz de cometer tal acto. É tudo um engano, tudo um erro de percepção. O "Messias" caminha sobre as águas mas nunca terá tanta humanidade em si para perder a cabeça como, digamos, um falso Ronaldo.
(...)
O Liverpool do final dos anos 70 não foi também a melhor equipa de todos os tempos? O Real Madrid do final dos 50? O AC Milan de Sacchi? O Inter de Herrera? O Manchester de Busby ou o de Ferguson valem? Lá Maquina do River? O Ajax de Michels?E as selecções da Hungria, Austria, Brasil, Alemanha, Uruguai, Argentina, França, Holanda? Que fazer com todas essas equipas que nasceram, cresceram, morreram e tudo sem evangelizar. Eram espartanos, bárbaros, egípcios ou persas? Não nos deixam saber.
(...)
Sentem-se no sofá e recebam o evangelho blaugrana, sintam-se inferiores porque a vossa equipa não tem a capacidade intelectual de João César Monteiro.»

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