domingo, 22 de novembro de 2009

E tudo o Bento levou

A entrevista que ontem Paulo Bento deu ao jornal Record sendo algo de novo no futebol português não apresenta nada de especialmente novo em relação ao que suspeitávamos que se passava, e continua a passar, no Sporting Clube de Portugal e na Sporting SAD e de um modo mais restrito na cabeça do ex-treinador do Sporting.
É algo de novo na medida em que Paulo Bento não hesita em dar nomes às coisas, na maior parte do tempo. Se em relação a Rogério Alves e Sá Pinto, e meia dúzia de jogadores, é perfeitamente claro o mesmo não se verifica na capacidade de reflectir e ponderar sobre as suas próprias opções ao longo destes quatro anos. Se lhe podemos louvar a coragem de assumir e dar a cara por uma certa concepção do que deve ser um clube e do papel do treinador nesse clube notamos igualmente uma incapacidade de ultrapassar um estilo musculado e de combate. Assim a entrevista revela, ao mesmo tempo, algo de muito batido no Sporting, na medida em que verificamos ao fim da meia dúzia de páginas de tempo de antena que o Record lhe dá que havia muito pouco futebol naquela cabeça e naquele balneário. Não falo só do futebol jogado, sobre o qual muito pouco de falou, como também do futebol pensado e vivido. Na maior parte do tempo, e apesar da clareza, no ajuste de contas que Paulo Bento procura realizar a conversa gira em torno de paranóias de poder e de perseguição. Revela-se a incapacidade de perceber que nem toda a contestação era parte de movimentos organizados e conspirativos de tomada de poder. Sobre o facto de as pessoas simplesmente não gostarem do seu futebol e do seu estilo de jogo nem uma palavra. Assim, se ainda restava na imagem de Paulo Bento no Sporting uma ideia de clareza e frontalidade para mim essa ideia morreu ontem. A política da terra queimada continua e Paulo Bento assumiu o papel dos incendiários que crítica ao longo da entrevista. O problema é que esta gente não consegue conceber a ideia de que em qualquer organização, instituição ou clube existem diferenças e que essas diferenças e conflitos são essenciais no bom desempenho das intituições. Por conseguinte, resta uma guerra civil de baixa intensidade que vai sobretudo destruindo o Sporting e os sportinguistas. Uma farsa onde as personagens se vão substituindo mas as (i)lógicas de funcionamento se mantêm. Ainda não é desta que o Sporting se torna no nosso Oriente para lá do Oriente mas a continuarem assim as coisas ainda corremos o risco de daqui a uns tempos estarmos todos a torcer pelo Oriental.

4 comentários:

André Cruz disse...

http://eurosport.yahoo.com/23112009/58/premier-league-wigan-refund-fans-rout.html


A diferença entre o Wigan e o Sporting. Ainda hoje estou à espera da devolução do dinheiro que gastei nas goleadas com o Barcelona e com o Bayern de Munique...

Tite disse...

Luisinho,

Sabes uma coisa?
Eu sempre torci pelo Sporting e vou continuar a torcer.
Admirada andava eu de ver o que se passava com o nosso clube e os adeptos torcerem mais e protegerem mais PB do que o seu clube do coração.
Agora estou a dar o benefício da dúvida ao Treinador que se segue (mais um) mas o meu clube foi, é e sempre será o SPOOOOOOOORTING!!!!!

Estou certa ou estou errada?

Luizinho disse...

Cara Tite,

Como dizia lá em baixo, quando o jogo começa não consigo deixar de apoiar a equipa e o crente que tenho em mim acredita que ainda vamos ganhar tudo esta época.

sl

Anjo Exterminador disse...

Embora atrasado não queria deixar de manifestar o meu apreço por esta posta.