sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Unidade

Quando pensava escrever qualquer coisa sobre o momento trágico que os Sportinguistas estão a viver, ocorreram-me também algumas das ideias expressas pelo Luizinho na posta anterior. Escusado será dizer que concordo totalmente com o que ali é dito.
Não vale a pena repeti-las, claro, deixem-me só acrescentar uma ou duas notas.
Primeira nota. A aberração que é o Sporting Clube de Portugal hoje resulta, no imediato, de um processo duplo que parece ter entrado em "pescadinha". Os padrões de exigência no Sporting foram baixando até atingirem hoje o grau zero. A incapacidade de gerir os múltiplos aspectos de uma organização complexa como o Sporting nunca foi tão flagrante. Não se trata de perder com os coxos do Rangers, ou de saír este treinador para vir outro igual ou pior ainda, se possível. Esta situação é mais profunda, como tem sido repetidamente destacado por muita gente, nomeadamente aqui na Roulote, não nasceu hoje, nem tinha esta dimensão quando começou!
Foi-se revelando e agravando ao longo do tempo. Quando surgiram os primeiros sinais de deterioração, ainda pouco perceptíveis, quando surgiram os primeiros indícios da mentira e do logro, quando se manifestaram os primeiros receios, ténues, mas já indicadores do que poderia vir a acontecer, uns criticara, outros calaram, outros criticaram os descontentes. A euforia Roquettista, alimentada por uns títulos obtidos de forma insustentada, como se veio a ver, esconderam da maioria dos Sportinguistas a realidade. Se houve problema a que o Roquettismo veio alegadamente "acudir", este, está provado, agravou-se.
À medida que a situação foi evoluindo e os primeiros sinais se foram transformando em provas inequívocas de deterioração dos padrões de exigência do Sporting e da perda de qualidade da capacidade de gerir o Clube, fomos assistindo a isto: em vez de melhorar esses padrões de exigência os responsáveis, deixaram que eles se agravassem, culpando aqueles que se insurgiam crescentemente contra essa deterioração pelos desastres de que só eles são culpados.
Os melhores perderam a paciência e foram-se pirando, os bons que sobraram não têm força para impôr mudanças e os medíocres que restam vão mantendo... os padrões em baixo. Circuito fechado.
Segunda nota. A mama, porém, esgotou. O Sporting já não dá mais que isto. O cadáver que os situacionistas sustentam já deu o que tinha a dar. A mudança é necessária. Mas, não é possível mudança com a mesma corja que levou o Sporting ao seu actual estado comatoso. Incluo em tudo isto os miseráveis dirigentes que estiveram à frente do Clube nestes últimos anos, mas também os sócios que os legitimaram com o seu voto. A democracia tem destas merdas...
Não se iludam!! O Sporting precisa de autoridade, de talento e de capacidade de mobilização. O Sporting precisa de alguém que UNA os Sportinguistas, não de chefes de facção. Nenhum candidato até agora demonstrou ter estas qualidades. O que se desenha nos arranjinhos de bastidores de que se vão conhecendo os pormenores, são tentativas das várias tribos para mudar o suficiente para que tudo fique exactamente na mesma, para que os interesses instalados continuem intocados. Tudo em nome de um Sporting cuja unidade eles destruíram há muito. Se isto é o melhor que sabem ou conseguem fazer pelo Sporting é curto!
Os melhores Sportinguistas estão hoje fora do Clube. Formalmente ou por falta de comparência. Os Sportinguistas cujo Sportinguismo não é nem foi um cliché inventado para enganar o papalvo, afastaram-se. Quando aparecer um candidato que faça sua bandeira principal a recuperação dos milhares de Sportinguistas que abandonaram o Clube desde que este se transformou em coutada dessa gente da dupla consoante nos múltiplos apelidos, quando aparecer um candidato que se proponha unir os Sportinguistas em torno do ideal Sporting, aí eu se calhar penso em voltar também...
Até lá concordo com o Luizinho: o Sporting é a puta de toda a gente. E os filhos dela mandam nele!

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