quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os sinais (ou chover no molhado)

Algumas décadas a ver futebol permitem ao adepto comum identificar alguns sinais no belo jogo. Neste caso, sinais específicos, uma mistura de "body language", à inglesa, com leitura técnico-táctica, à Gabriel Alves.
Há um momento na carreira dos treinadores, após algum tempo num clube e quando as coisas não correm sobre rodas, em que alguns sintomas se revelam. Lê-los permite-nos antecipar o futuro. O senso comum, e algumas décadas a ver futebol, dizem-nos que a componente de treino é um universo de mistérios cabalísticos e precisão de alta tecnologia que, de dois em dois anos, o Mourinho desvenda ao povo em directos televisivos de fases finais das grandes competições. A hora e meia de jogo, que o adepto comum vê várias vezes por semana, não tem grandes segredos. Exemplo: quando chega a hora das inevitáveis substituições, o saber do treinador é igual ao do adepto comum.
Nós, os adeptos comuns, podemos não saber o que berrar lá para dentro, podemos não conhecer o tom de discurso adequado à motivação do Postiga ou a reza voodoo que liberte aquele outro Pereirinha, esse que, o ano passado, centrou para o 3-1 do Liedson ao glórias. Mas, olhando para o banco e para quem anda lá dentro, todos sabemos, e todos concordamos, quanto a quem deverá entrar e quem deverá sair. Quando esta sabedoria comunal é ignorada, estamos potencialmente no ponto de não retorno. Há vários estilos.
Aquele em que o treinador já vive numa realidade paralela e totalmente alheado do mundo à sua volta (conferir Peseiro a tirar um avançado para pôr o Beto, em Alvalade, contra um Setúbal reduzido a dez, naquele seu tenebroso final de viagem). Aquele tresloucado, quando o treinador, carcomido pela ira, se consome numa espiral de loucura impressionante, qual Nero dançando enquanto Roma ardia sob o seu palácio (Souness, aquele abraço).
Não sei se, pela recorrência do método, aquilo a que assistimos hoje foi algo semelhante, num estilo mais fogo lento, em que ainda há algum sentido de realidade, em que, em vez da exuberância da loucura, temos a "tranquilidade" do pragmatismo. Certo é que tirar o Vukcevic, quando o Vukcevic está finalmente a fazer um bom jogo, é uma facada nesse magnífico elo que une treinador e adepto comum. Ganhámos (e obrigado Moutinho, que soube bem berrar aquele golo) mas, que me desculpe Paulo Bento, a marca continua lá. Resta-nos saber o que será o futuro.

8 comentários:

Anónimo disse...

2-1. Primeiro lugar no grupo. Jogamos mal mas ganhamos. Gosto.

paulinho cascavel disse...

ganhámos? porreiro pá.

Yazalde disse...

A ganhar assim ninguém nos pára...

Anónimo disse...

Meus senhores,
Não restam certamente dúvidas que o Sporting mereceu vencer este jogo. Entrámos bem, marcámos cedo, dominámos por completo na primeira parte, metemos duas bolas no ferro e podíamos ter ido para o intervalo com uma vantagem totalmente confortável e já a pensar no jogo de Guimarães. Mas infelizmente tal não aconteceu. A equipa baixou o ritmo, perdeu fulgor, e as coisas complicaram-se. E é aqui que temos obrigatoriamente de entrar em análise ao trabalho do treinador que, nesta altura crucial do jogo, nao soube mais uma vez "mexer" na equipa para inverter o rumo dos acontecimentos, pois volta a colocar Bruno Pereirinha, a sua Substituição "fetiche", retirando do jogo o melhor Vuk que se havia visto esta época, e hipotecando o virtuosismo que tivemos nas alas durante toda a 1ª parte... Matias continua algo alheado do jogo, Angulo foi colocado em campo só porque tinha mesmo de ser, e Postiga entrou quando o Ventspils empata, e não se viu. É inglório para PB mexer na equipa porque banco é coisa inexistente para os lados de Alvalade já há 3 anos, mas quando PB comete gaffes de reportório já na constituição do onze inicial é de bradar aos céus...Não hão-de haver adeptos com a impressão de que certas decisões são propositadas e de cariz venenoso, quase como se fizesse "de propósito"... Angulo a titular em jogos como P.Ferreira, Belenenses, e outros é algo absolutamente inconcebível. É uma aberração lançar a titular um atleta de 32 que até é acima da média mas que vem de uma paragem competitiva de 13 meses e que tinha tido 3 ou 4 treinos com a equipa... Mas no fim fala-se que PB tem o recorde de jogos sem perder consecutivos na Europa...Pudera...Frente a Twentes, Herthas, Ventspils e Heerenveens, excepção feita á Fiore, quem não teria condições de fazer melhor????? Friso que o meu discurso não é anti-PB, mas sim anti Pedro Barbosa, que considero um chulo agarrado a um tacho que lhe é proporcionado pelo PB. E o Sá Pinto anda perdido no Dep.Marketing do Sporting, quando a mística que ainda ostenta tanta falta faz naquele balneário... Enfim, vamos seguir em frente e esperar para ver o que Guimarães nos vai trazer...Espero eu o fim deste ciclo triste onde o divórcio entre os sócios e a equipa foi por demais evidente...Sporting sempre e para sempre, meus caros. Para o bem e para o mal. Um abraço e visitem www.juveleobarreiro.pt.vu

Anónimo disse...

Ganhámos. Estamos em primeiro. Ganhamos muito mais vezes do que no passado. Quem quiser estar ao lado de JEB está! Quem não quiser que se cale! O Sporting precisa de um Presidente forte e carismático. Para isso precisa de apoio de todos os sportinguistas. Não contem comigo para deitar a estrutura abaixo. Sou do Sporting e Estou com o Sporting!

Yazalde disse...

Ao primeiro anónimo:
Duvido muito que Sá Pinto tenha um lugar interventivo na estrutura do Sporting enquanto lá estiver o Paulo Bento.

Ao segundo anónimo:
Qual é o passado em que ganhávamos menos? A pior fase da história do Sporting? Se for essa a conclusão é que estes são menos maus do que os piores.
Os bons comparam-se com os bons, os maus com os maus.
Também eu gostava de ter um presidente forte e carismático.
Também eu sou do Sporting, dos que paga quotas e pagou bilhete de época, e por isso sou contra a estrutura do "establishement" e da geração da dívida.

Mário Lopes disse...

Caro anónimo,

Antes de mais, registo o verdadeiro fulgor democrático com que se nos apresenta. Aquele "quem não quiser [estar com JEB] que se cale!" é um comovente berro marialva de quem não está aqui para aturar merdas (por merdas, entenda-se esse conceito, porventura ultrapassado, mas basilar em democracia, de cada um ter direito à sua opinião e de ser, precisamente, a diversidade de opiniões e sua discussão que, já dizia Confúcio, irradia luz sobre as coisas). Posto isto, só tenho, temos, que estar ao lado do Sporting. Ao lado do Presidente forte e carismático (e com uma ideia de clube que respeite a história do clube), pois concerteza. Estou à espera dele, o Sporting precisa dele - quer seja JEB, que até agora não o demonstrou ser, ou qualquer outro.

Sousa Cintra disse...

Muito bom. Toda a razão.