segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A cozinha e os bastidores

Sem se perceber muito bem a solução que se vai cozinhando nos bastidores dois indícios preocupantes vão ganhando alguma plausibilidade. Por um lado, o medo de ouvir os sócios. Os mesmos sócios que são os mais fiéis do mundo e a quem se apela para que vão assistir ao encontro com o Marítimo no domingo são os mesmos sócios que se receiam em sede de AG. O argumento do "clima de guerra civil" para não se realizar a AG no sábado é absolutamente inaceitável. Cabe à mesa da AG zelar para que a AG decorra com toda a normalidade e à direcção do clube e à própria SAD assegurar as condiões logísticas, nomeadamente de segurança, para o mesmo evento.
Em segundo lugar, a confirmar-se a demissão em bloco de todos os órgãos sociais do clube, este tem que entrar automaticamente em gestão corrente. É impossível que quaisquer planos de reestruturação financeira, ou outros, sejam levados a cabo por uma direcção demissionária. A ver vamos. Isto ainda não acabou e as possibilidades de se verificarem mais umas golpadas nos próximos tempos não são poucas.

8 comentários:

Anónimo disse...

No meio do contexto enunciado no post é fácil fazer criticas.

No entanto, e compreendendo os receios aqui enunciados, não me parece que a AG vá dar títulos ou golos.

Eleições evitam peixeirada, que não acredito que não vá acontecer, e permitem gerar estabilidade e calma.

Para o bem e para o mal.

O que é reprovável e deve ser reprovado foi o constante mau estar gerado pelos notáveis Dias Ferreira, Bruno Carvalho e Pedro Baltazar que agoram fazem comunicados ao estilo romano de pilatos.

Está na altura de ser prático e pensar no que é importante: a bola entrar na baliza mais vezes que os outros!

Luizinho disse...

Caro Anónimo,

Não considero que dar expressão aos sócios e exigir responsabilidades à direcção seja equivalente a peixeirada. Peixeirada maior do que aquela que Godinho Lopes e os seus defensores nos têm oferecido nos últimos dias é impossível. Pedida a AG e reunidas as condições para que ela se realizasse ao CD bastava ter aguardado serenamente, e em silêncio, o dia da mesma para oferecer aos sócios as explicações que eles entendessem exigir. Se o conseguisse fazer continuava com renovada legitimidade. Se não saia com alguma dignidade. As conferências de imprensa de Godinho Lopes, a instrumentalização de Jesualdo Ferreira, ao confundir democracia com resultados desportivos, as providências cautelares e a lamentável cena dos ovos foram episódios mais do que lamentáveis que serviram apenas para inflamar os ânimos e criar um clima de tensão.
E digo-lhe mais. Venha quem vier, nos próximos tempos (anos) não vai haver vitórias desportivas. O temos que fazer é limpar as contas, arrumar a casa e pedir responsabilidades a quem as teve.

SL

HY disse...

Eleições não é ouvir os sócios?

Luizinho disse...

HY,

Há uma diferença substancial entre ouvir os sócios em AG, onde cada um pode exprimir o seu ponto de vista, inevitavelmente diverso, sobre o que se tem passado no clube, e pedir aos sócios para escolherem entre programas concorrentes. O resultado dessa deliberação democrática em AGE é que deveria abrir, ou não, o caminho para novas eleições. Isto é, os sócios do clube é que deveriam decidir se querem eleições ou não querem. Até nisso este CD fugiu de uma decisão democrática, como aliás atestam as providências cautelares que foram interpostas. Se GL achava que a melhor solução era a demissão porque não se demitiu antes de toda esta peixeirada?

SL

Anónimo disse...

Caro Luizinho,

Obrigado pelo comentário.

Os clubes de futebol não são partidos. Têm realidades e contextos emocionais bem diferentes.

Penso que é irrealista achar que a AG seria serena.

Instrumentalização por parte do CD? Mas e o que dizer de um secretário de mesa que envia um e-mail daqueles. Essa situação lembra-me as minhas eleições de faculdade.

Pior direção de sempre? É possível, mas esta mesa foi tudo menos uma mesa.

A instrumentalização foi mútua, por um CD que nunca quis sair, e por candidatos das últimas eleições que contribuiram negativamente para esta situação.

A propósito de democracia.

Eleições é o melhor cenário de todos. Na Ag, fala e vota quem lá está, nas próximas eleições o país inteiro poderá votar.

Espero que a sensatez vença e que os sócios não embarquem no lenda do D. Sebastião, que foi um gajo muito pouco esperto e que nem lenda devia ser, se é que me faço entender.

Sim, falo do Sr. Carvalho.

Cumprimentos para todos e parabens pelo blog.

Luizinho disse...

Caro Anónimo,

Penso que a Mesa da AG fez tudo o que estava ao seu alcance para que a AGE não avançasse. É preciso recordar que esta iniciativa partiu de dois sócios que tiveram o apoio de mais algumas largas centenas. Ao abrigo dos estatutos a Mesa nada poderia fazer a a não ser convocar a AG. O recurso aos tribunais para impedir saiu baldado. Logo, não havia mesmo mais nada que a Mesa pudesse fazer. Mais ainda, em última instância e depois de muita peixeirada o Conselho Directivo acabou mesmo por seguir a primeira sugestão da Mesa. Demitiu-se. Pelos vistos o próprio CD acabou com a sua actuação a oferecer a razão à mesa.

Deixe-me, por outro lado, recordar-lhe que os sócios do Sporting não são uns estroinas. São as pessoas que o tratam no hospital, que educam os seus filhos, que montam as redes de fibra óptica que lhe permitem ter TV cabo ou os mesmos cidadãos que são militantes partidários ou simples cidadãos eleitores. Mais ainda, não acho que o comportamento dos sócios do Sporting nos últimos anos envergonhe o clube seja de que forma for. Acompanho com algum intersse a vida política e temos assistido, dentro e fora dos partidos a muita sujeira. O Sporting não sendo um simples reflexo do país faz parte desse mesmo país.

As mesmas pessoas que podem participar na AG são as mesmas que votam. Este aliás vai ser o primeiro acto eleitoral em que pode haver mesas fora de Lisboa. é um bom argumento, mas que perante a realidade histórica do clube tem pouco fundamento. De qualquer forma, as coisas de nenhuma forma são mutuamente exclusivas. Os sócios poderiam votar na destituição, ou não da direcção. Se caisse haveria eleições. Como vai haver.

Sobre o epíteto de D. Sebastião do Bruno de Carvalho são sei o que lhe dizer. Penso em primeiro lugar que está a falar com as pessoas errrdas. Não fazemos parte das listas nem somos apoiantes acríticos. Aliás, nas últimas eleições só votei BC para o CD. Para o CF votei na lista Independente e para a mesa votei na lista de Abrantes Mendes. Se há algo que esta experiência demonstrou foi que a separação de poderes é uma coisa boa.

Ainda não sei em quem vou votar nas próximas eleições. Mas pode estar certo de que, de modo nenhum, qualquer lista com qualquer candidato associado àquilo que genericamente designamos como Projecto Roquette, ou os seus pressupostos (investidor externo, minoria do clube na SAD, etc.) leva o meu voto. O resto logo se vê. Até ao lavar dos cestos...

SL

Anónimo disse...

Caro Luizinho,

Obrigado mais uma vez pela resposta.

Penso que não compreendeu o meu comentário. Eu sei o que é ser do Sporting, e sei bem do que é feita a massa associativa do Sporting.

No entanto, não são os bons valores ou capacidades profissionais de cada sócio, que permitem a realização de um AG com calma e serenidade.

Qualquer estúpido, mecânico, professor, vendedor, médico ou doutor pode perder a razão e partir para a peixeirada e violência.

A Mesa não fez tudo o que tinha de fazer.

Aliás, a Mesa foi a pior Mesa de todas, no meu ponto de vista.

Em primeiro lugar, aceitou um requerimento cujo mérito não foi apreciado. Falo neste aspecto, porque parece que qualquer grupo de sócios pode agora pedir AG para promover a destituição do CD. Ficou demonstrado que a justa causa pode ser tudo e mais alguma coisa.

Eu não penso assim. As normas estatutárias não podem ser interpretadas consoante as nossas convicções ou interesses.

Quanto ao chumbo do Tribunal. O mesmo considerou-se incompetente para apreciar a questão. Isto significa que nem apreciou a matéria da causa.

O tribunal disse, de forma simples "não me compete a mim julgar isto. O processo tem de ir para outro tribunal".

Além do mais, acho incrivel como um secretário de mesa envia um e-mail daqueles e ninguém fala disto!

Sim, o CD era péssimo, mas a Mesa nem se fala.

Quanto ao BDC. Referi esse aspecto porque os blogs do SCP tem ido por um rumo do mata e esfola, e do "este é muito bom, o outro é mau e tem de ir para o inferno".

Não digo que este tenha feito isso. Mas as pessoas não podem ceder a impulsos quem têm a sua origem em discursos feitos e imagens trabalhadas.

De futuro, os sócios deverão pensar em quem elegeram nos últimos anos, e fazer uma escolha refletida.

Mais uma nota, com uma comparação provocante: para mim, o clinte não tem sempre razão, e o sócio também não.



SL

Luizinho disse...

Caro Anónimo,

Não compartilho da sua perspectiva "legalista" sobre o conceito de justa causa. Quanto a mim, e penso que não será uma interpretação totalmente descabida,o conceito de justa causa deve ser lido a uma luz política ou adiministrativa. Isto é, se um conjunto de pessoas estão insatisfeitas com a administração da associação na qual se encontram associadas, e reunidas determinadas condições estatutárias (x número de votos) podem solicitar uma AG para destituir essa direcção. Se uma maioria de sócios discordar dos argumentos que são utilizados pelos requerentes da destituição podem e devem votar contra. Nunca uma direcção cairá por capricho de minorias. Será sempre uma decisão de uma maioria de associados.

Por outro lado, penso que a sua perspectiva apresenta o inconveniente, não desprezível, de apenas permitir demitir uma direcção se esta tiver cometido "crimes". Ou seja, actos ilegais ou dolosos. Ainda que esteja convicto de que uma auditoria de gestão pode ser suficiente para enviar uma boa parte dos dirigentes do Sporting dos últimos 17/18 anos para os tribunais, considero que em última instância o poder supremo do clube reside nos seus sócios e, logo, na sua Assembleia Geral.

Resumindo, não só não estou convencido da sua interpretação do conceito de justa causa como discordo dele. A avaliação do desempenho de uma direcção não pode ser feita a partir de critérios exclusivamente jurídicos.

SL