sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

As lutas do Sporting e as lutas do negócio


José Manuel Nobre, sócio do Sporting Clube de Portugal, identificou, no comentário que fez na sessão de esclarecimento sobre a AGE promovida pela Mesa da AG, o principal problema que se observa no interior do nosso clube: "Todos nós sabemos que o que aqui está em jogo, há muito tempo, há muitos anos a esta parte...as duas lutas. As lutas do Sporting e as lutas do negócio". Ainda antes de debatermos as linhas programáticas que podem permitir reerguer o Sporting é fundamental identificar as rupturas que são necessárias levar a cabo. Pouco interessará mudar os nomes se o complexo institucional e financeiro que cercou o clube se mantiver intacto.

Para que esse corte possa ser concretizado é fundamental traçar a anatomia do negócio que colonizou o Sporting Clube de Portugal. Transvestidos de especialistas, foram muitos os que ao longo dos últimos 17 ou 18 anos entraram pelo clube dentro para defenderem, essencialmente, os seus interesses particulares, em detrimento do bem comum que nos une. Em traços gerais, as três esferas onde o conflito de interesses tem sido mais pronunciado dizem respeito à aquisição de jogadores, à negociação dos direitos televisivos dos jogos da equipa de futebol e, finalmente, o acesso ao crédito bancário e a gestão do património. Em cada uma destas esferas, as decisões as sucessivas administrações do clube têm dado prioridade a interesses externos ao clube.

Qualquer candidatura de ruptura deve afirmar, na campanha eleitoral que se avizinha,  a ruptura definitiva com os modelos estabelecidos nestas três esferas. Os fundos de jogadores - dominados no Sporting pela parceria Jorge Mendes BESI -, a Controlinvest - controlada por Joaquim Oliveira - e o consórcio bancário BES e BCP - que tem subscrito a degradação da situação financeira do clube, ao mesmo tempo que tem vindo a assegurar os seus próprios rendimentos - são os rostos institucionais do modelo organizacional que tem vindo a depauperar o clube. As nossas lutas não são as lutas deles. Romper com todos eles é condição necessária para a reconstrução do Sporting Clube de Portugal.

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