quarta-feira, 10 de abril de 2013

Três notas sobre os acontecimentos do dia ou "tudo está dado como garantia"

1 - Bruno de Carvalho anunciou a auditoria de gestão. Aquela que será porventura a mais emblemática medida do novo período que se espera que se tenha iniciado no clube foi finalmente anunciada. Não se pode considerar o cumprimento de uma promessa mas antes a reafirmação da intenção de a levar a cabo, ainda sem prazos definidos para o lançamento do concurso para a sua realização e para a entrega do relatório. Espera-se que estas questões sejam clarificadas em breve. A auditoria parece, contudo, ser a grande arma negocial junto da banca. Talvez o silêncio conivente com o passado seja a moeda de troca mais valiosa para a renegociação em curso.

2 -  Observou-se durante todo o dia uma guerra de informação e contrainformação, possivelmente indicativa de se ter chegado a um ponto de ruptura nas negociações. "Que fique claro que nem tudo o que é noticiado é verdade. Mais cedo ou mais tarde, os sportinguistas vão saber o que se passou nas negociações." disse, segundo o Correio da Manhã, Bruno de Carvalho. No Público, uma fonte do clube garantia que os 40 milhões anterioremente acordados para fazer face a necessidades de tesouraria no próximo ano e meio não seriam suficientes. Na mesma notícia, este empréstimo acordado ainda com Godinho Lopes, teria agora de ter como contrapartidas o abandono da intenção de realizar a auditoria,  e ainda, segundo outras fontes estaria em causa a entrada de dois admistradores nomeados pela banca na SAD. Face a estas propostas, e segundo o Jornal de Negócios, Bruno de Carvalho teria ameaçado com a demissão, tendo-se também colocado a possibilidade de um Plano Especial de Revitalização, para o qual basta o acordo com um credor e que a ser implementado supenderia o pagamento de todas as dívidas. Numa outra versão da história,  Bruno de Caravalho teria "ameaçado" a Banca com um AG onde a proposta seria apresentada aos sócios para serem eles a aferir da sua razoabilidade. Na Edição da Noite da SIC N, uma outra "fonte", presumo que bancária, ripostou com outra versão da história. 28 milhões de empréstimos para o próximo ano e meio. Seguidos de uma redução para metade da dívida bancária, de 240 para 120 milhões de euros, que teria como contrapartida a tranformação de títulos de dívida em instrumentos de capital. Ou seja, e se bem percebo, uma espécie de VMOCS, ou seja, se o Sporting não pagar as acções passam para os credores. O que falta nesta última versão dos acontecimentos são as contrapartidas exigidas ao Sporting. Uns dizem que as negociações continuam. Outros que acabaram em insultos. Outros ainda que chegaram a um impasse. Bruno de Carvalho acabou o dia a dizer que apenas as maturidades estão a ser negociadas. Acrescentado:"Quem ler as contas auditadas do clube percebe que está tudo dado como garantia. Por muito dinheiro que entre no Sporting, se as pessoas não quiserem, não há nenhum. É a situação que vivemos”. Ou seja, já não há nada. Nem dinheiro para pagar salários nem património para oferecer como garantia. O terreno foi completamente minado. 

3 - "Não sou um mero sócio. Sou presidente do Sporting e da SAD, tenho com isso um conjunto de deveres de sigilo. Não vou poder, de facto, dizer tudo o que queria, mas esse dever de sigilo não será para sempre" Face ao impasse das negociações, parece que esta conferência de imprensa, o anúncio da auditoria e a ameaça de submeter as propostas dos bancos aos sócios são as grandes armas negociais de Bruno de Carvalho.  No ponto em que nos encontramos o Sporting tem muito pouco a perder. Na pior das hipóteses vamos para os distritais. A banca que aposta na táctica do terror que tão bons resultados tem dado um pouco em toda a parte confia no poder do medo. Na pior das hipóteses ficam com um prejuízo de 400 milhões, um estádio inútil nas mãos e a raiva de 3 milhões de pessoas. É fazer as contas como dizia o outro.

3 comentários:

Anónimo disse...

se os socios e simpatizanyes começarem a tirar as contas desse bancos, elea logos baixavam a bolinha

Anjo Exterminador disse...

Eu preparava-me mesmo para a hipótese das distritais. Não estou a fazer ironia. Estou a dizer que acho que o terreno está maduro como nunca esteve para que o feitiço se volte contra o feiticeiro e os bancos fiquem de facto com um grande nada nas mãos. Digo isto por três motivos. Um, nunca perceberam o que é _ser Sporting_. Dois, afinal, para minha (mais ou menos) grande surpresa, somos muitos, muitos mesmo. Os suficientes para ir para a distritais e gritar ainda mais alto que no Alvalade XXI. Três, até já temos presidente! Quem tem, pois, medo de quem?

Luizinho disse...

Antes das distritais ainda temos os Planos Especiais de Revitaização e muita burocracia mas, lá está, é um cenário que não deve estar de estar em cima da mesa. Não se pode é ceder às pressões dos bancos.