Mas era natural um jogador esperar um reforço, assim sem mais nem menos?
Aí é que está! Não foi assim sem mais nem menos. No Mundial-74, o Brasil foi eliminado pela Holanda, que nos baralhou por completo com aquele futebol inovador em que, de repente, dois ou três adversários estavam perto da bola vindos sei lá de onde! Ainda aguentámos o 0-0 até ao intervalo, mas depois Neeskens e Cruijff marcaram e tiraram-nos da final. Durante a primeira parte, o Rivelino disse-me que o Neeskens estava a marcá- -lo tão bem que ele nem conseguia dar dois toques seguidos na bola. Aí eu quis anular o Neeskens numa determinada jogada e dei-lhe uma brutal cotovelada, mas sem o árbitro ver. Acabei por lhe abrir o sobrolho. Seis meses depois, quando ele soube que eu ia aterrar em Barcelona, ofereceu-se para me receber, ao lado do presidente do clube. Qual não é o meu espanto quando estou a descer as escadas do aeroporto e vejo o cara [Neeskens] lá ao fundo. Fechei os olhos, respirei fundo, e quando os abri vi novamente o cara a apontar para o sobrolho e a rir-se. Aí fiquei mais descansado e também me ri. Que sorte, né?
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