sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Insane in the brain

O delírio e a loucura continuam a ter lugar cativo em Alvalade. De entre os muitos episódios que marcam o quotidiano do clube não consigo ainda identificar um padrão que nos indique se vamos ou não no bom caminho. Izmailov está de volta. É o regresso do jogador mais consistente, profissional e talvez mesmo mais criativo do plantel. Só não digo o mais versátil porque aí encontra concorrência de Miguel Veloso (já lá vamos) e João Moutinho. Soijkovic também foi integrado na convocatória, o que parece ser mais um sinal do modus operandi de Carvalhal neste seu início de Sporting. Parece que o homem está a contar com a vingança de alguns dos ostracizados por Paulo Bento (ainda não começou a resultar a revolta). Finalmente, a integração de Rabiu Ibrahim no plantel. O que se tem passado com o jovem é uma vergonha e o próprio empresário do jogador, que tem dado ao Sporting toda a prioridade nas negociações, já veio dizer que o Paulo Bento não sabia o que fazia. No plano táctico não posso deixar de destacar a segurança nas bolas paradas defensivas, com o fim da marcação homem a homem e a implementação de uma marcação há zona. Uma outra inovação táctica parece ser, como agora se diz, o bloco defensivo mais subido. Ao longo de toda a partida de hoje a equipa tentou pressionar o adversário logo à saída da sua área e e a defesa esteve bastas vezes colada à linha de meio-campo. Respect.
A demência, porém, também tem bilhete de época. A coisa mais irritante no futebol do Sporting é a obstinação de João Moutinho em marcar as bolas paradas. Já se percebeu que para aquilo o moço não tem jeito e mesmo quando o Matias se tenta timidamente chegar ao pé da bola o Moutinho arma-se em cagão e despacha o Matias, esse sim um verdadeiro especialista. Por outro lado, e ao contrário do que se diz na vizinhança, não assistimos hoje a um regresso do losângulo, infelizmente. A questão das tácticas tem muito pouco que ver com desenhos calcificados, e nem mesmo nesse plano hoje tivemos losângulo. Na primeira parte, e no meio de alguma desordem táctica, o Sporting jogou num claro 4-4-2 clássico, embora demente e até mesmo estúpido, atendendo às características dos jogadores que iniciaram a partida. Moutinho esteve sempre ao lado de Adrien no centro do terreno. Matias e Veloso andaram perdidos pelas linhas durante o tempo em que resolveram seguir as indicações de Carvalhal. É certo que um jogador mais do que uma posição no terreno é um conjunto de caractíticas que o treinador procura colocar ao serviço do colectivo. Veja-se o debate em torno de Gerard na selecção inglesa. Porém, nem Veloso, nem Matias reúnem as características necessárias para jogar nas alas. Carvalhal, em vez de tentar adoptar rupturas forçadas, faria muito bem se procurasse potenciar o losângulo enquanto trabalha o novo esquema táctico. As dinâmicas colectivas e o aproveitamento de todo o potencial dos jogadores deveriam ser mais importantes para o novo treinador do que supostas rupturas ideológicas com as fantasias tácticas reificadas do seu antecessor. O que se assistiu durante boa parte do jogo em Alvalade foi patético, e não estou a falar do Pedro Silva. Mesmo no momento das substituições, a insistência em Adrien em detrimento de Pereirinha ( o que faria sentido num 4-4-2 clássico) abrindo as alas a mais um extremo, depois da entrada de Izmailov, já cheirou à nossa bem conhecida teimosia.
Quero dar o benefício da dúvida a Carvalhal mas depois do que hoje se assistiu em Alvalade não é fácil. O pior não foi nem o resultado nem a exibição. O mal esteve noutro lado.

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