sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Salvaguardar o futuro

Três ou quatro casos que se verificaram nos últimos meses resumem um pouco do que é esta direcção. Desde o início da época que já tivémos Duque, depois uma uma (nem sei como lhe chamar) proto-demissão, a apoiar para a presidência da Liga de Clubes um candidato que não era o da direcção. Depois sucessivos desencontros entre o presidente da mesa da AG e a direcção, que redundou uma surreal e esquizofrénica solução, ainda tivémos o inacreditável caso do túnel, mais uma prova da saloice reinante nos corredores de Alvalade. A cereja no topo do bolo, ou pelo menos assim o esperemos, chegou ontem, com um número de circo digno de devolver a mística ao Sporting que nos habituámos a conhecer e amar. Entretanto, em mais uma prova de inacreditável egoísmo e falta de sentido de oportunidade e solidariedade, Godinho Lopes, para se defender a si próprio, vem dizer que o desempenho da equipa, dirigindo-se ao treinador, está abaixo dos mínimos exigidos.
Disto tudo, só consigo ler uma luta de poder que já se esperava do tempo das eleições. O saco de gatos continuou, como se esperava, a ser um saco de gatos. Entre Paulo Pereira Cristóvao, Luís Duque e Godinho Lopes há ali, como se sabia desde o início, demasiada ambiação pessoal e agendas distintas para aquilo poder funcionar como uma equipa, com um projecto comum e a solidariedade mínima que esse desígnio exige. O circo deve, obviamente continuar, e nem sequer vale a pena perder muito tempo a comentá-lo. Contudo, começar já a desmontar a equipa e a despachar o treinador parece-me ser mais um erro trágico. Nas bancadas, nas televisões e nos corredores de Alvalade, muitos já começaram a colocar em causa o lugar de Domingos. Parece-me, a par de alguns jogadores, uma das poucas pessoas no interior do clube com uma ideia minimamente clara do futuro e capaz de contruir um projecto sustentado e sustentável.

6 comentários:

Eskilsson disse...

And here we go again...
A coisa começa a correr mal e o veneno desata a assomar pela blogosfera. Somos, mesmo, um clube diferente. E uns adeptos do caralho. Na pior acepção das expressões "diferente" e "do caralho".
Só falta reaparecer o Bruno Carvalho para então sim o circo ficar armado. Nos blogues, nas bancadas, nos cafés. O circo de que este povo tanto gosta. É triste, mas somos isto, não há volta a dar.
Até sempre. Vocês deprimem-me.

Anjo Exterminador disse...

Ora bem Eskilsson, a Roulote deprime mas a manifesta falta de dignidade e de ética sportinguistas destes dirigentes, não! Estamos esclarecidos. Como diria o outro, porreiro pá!

Eskilsson disse...

Percebeste-me mal, anjo.
Não é a roulote, ou tu em concreto, ou quem assina este texto, que me deprime especificamente. O que me deprime - daí o meu desabafo - é este ambiente que se instala logo à volta do clube, o veneno que começa a escorrer, a teoria do saco de gatos aqui expressa, foda-se, queres melhor exemplo do que te digo do que o facto de até o Zeferino Boal ter reaparecido hoje na TSF? Eu não estou aqui a louvar estes dirigentes. Ou outros do passado. Ou os que queria para o futuro. Do que eu falo é disto, destes factos. Começou a correr mal e... eis-nos! Logo, a dizer presente. Se a equipa de futebol por contingências várias voltou a estar ao nível estatístico do ano passado, pois então eis-nos, adeptos, a não deixar créditos por mãos alheias, a mostrar que também nós conseguimos voltar ao nível de há um ano.
No fundo, o meu desabafo é só este: aceito que se diga que o clube está transformado num circo, mas não me parece aceitável que nós, adeptos, queiramos atribuir apenas aos outros o papel de palhaços.
Mas tudo bem, percebo que não aceitem esta minha argumentação. E não vos levo a mal. A ver pelo que aí vai na blogosfera leonina resta-me encolher os ombros, sair da estrada e deixar a banda passar.
Cumprimentos.

Anjo Exterminador disse...

Aceito esses argumentos e até me identifico com eles. A única diferrença é que nunca tive ilusões e sei que mais dia menos dia isto ia estalar. A situação é má demais (no Sporting e no país) para que tenhamos ilusões sobre o quie quer que seja. à posição de encolher (que adopto também no geral) junto uma outra de resmungar de vez em quando. Sem ilusões, repito. E ainda não começámos a falar no novo aeroporto de Lisboa...

Eskilsson disse...

A única ilusão que eu tinha era que tivéssemos - nós, os adeptos - aprendido alguma coisa com o passado recente. Mas pelo que vejo, não aprendemos nada. Ou aprendemos pouco. É como dizia o outro, nos livros do Asterix: "O que interessa é malhar enquanto estiver quente". A seguir, pois então, que venham os assobios a jogadores específicos (já começou), as prosas cheias de vómito na blogosfera, os artigos de opinião e as citações dos "colunáveis", os lenços brancos para o treinador, o "Godinho cabrão, pede a demissão", um novo messias a caminho e levado num andor, a crença de que agora é que vai ser, que o futuro é nosso, que seremos finalmente a potência que apregoamos ser... ou não... porque de um momento para o outro não ganhamos cinco jogos e percebemos que se não pegarmos fogo ao circo nesse momento, corremos o risco de adormecer essa costela pirómana que tanto nos aquece.
Estou a ficar velho. E cansado.
Um abraço e obrigado pela paciência e por terem publicado estes meus desabafos. Até sempre.
(Porque deixar de comentar em blogs do Sporting será o próximo passo na minha terapia. Cesso aqui formalmente essa actividade.)

Anjo Exterminador disse...

Eskilsson: nenhuma das várias cenas tristes que se passam no Sporting é invenção, ou foi criada pelos adversários ou pela "oposição". Tudo isto é fruto de falta de liderança. A direcção começou mal e tarde ou nunca se vai endireitar, lá diz o ditado.