terça-feira, 27 de setembro de 2011

Inovações

A "suspensão" do contrato de Luís Aguiar deixa-me atónito, tal como me deixa estupefacto a normalidade com que tal facto é recebido. Nestes anos todos de ler jornais desportivos e de acompanhar o Sporting a "suspensão" de um contrato é coisa inaudita. Os jogadores são habitualmente transferidos, dispensados, com ou sem indemenização, ou emprestados. O que significa a "suspensão" do contrato de Luís Aguiar até 30 de Junho de 2012? Que o jogador não vai jogar até aquela data por nenhum clube e que o Sporting se exime de lhe pagar os salários até aquela data? Que o Sporting deixa de lhe pagar os salários e até aquela data o jogador exerce ou não a sua profissão de acordo com a sua vontade?

6 comentários:

Anónimo disse...

Bom Dia,

Sou leitor assíduo do blog, mas é a primeira vez que participo. Antes de mais, Parabéns.

Uma vez que sou advogado de direito do trabalho, permita-me sossegá-lo e dizer-lhe que o Sporting não pagará quaisquer salários ou outros valores ao Luís Aguiar até ao final do período de 30 de Junho de 2012. Poderá, eventualmente, jogar num outro clube, caso o Sporting assim o permita expressamente.

Por fim, acrescento que considero uma manobra bastante interessante da perspectiva jurídica, bem como do ponto de vista desportivo (como leão que sou também gosto de opiniar). Parece-me que o Luís estava claramente com problemas físicos e que iria demorar algum tempo a ultrapassá-los. Mais, os problemas psicológicos devido a uma gravidez de risco da mulher também deixam qualquer um doido (basta lembrar o caso recente do Sinama). Por último, claramente que não ia calçar a bota, dada a aparente qualidade que brota o nosso meio-campo, conseguindo-se, ainda, poupar em vencimentos (que não devem ser baixos.

É uma decisão que não me merece qualquer censura e até a encaro com naturalidade. Parece que o Departamento Jurídico do Sporting está a fazer, e bem, o seu trabalho (apesar de ter pueril interesse em ler os termos concretos do acordo de suspensão de contrato de trabalho desportivo), o que me deixa orgulhoso.

Abraço e keep up the good work.

Manuel Mendes

Barbosa disse...

Se isto fosse no Facebook punha um 'Like' no comentário do leitor Manuel Mendes! Concordo com o que disse.
Talvez só acrescentasse duas coisas: primeiro, que o Aguiar nunca estabilizou em clube algum (só no Braga fez uma época completa no ano 2008/09), o que faz suspeitar da sua capacidade psicológica para estabilizar e enfrentar/superar as dificuldades (nota que não estou contra o facto de ele sobrepor os aspectos pessoais aos profissionais). Não sendo certamente um jogador barato, talvez este factor devia ter sido devidamente ponderado aquando da sua contratação.
Segundo, só lamento a sua saída porque a época foi pensada com ele, certamente como substituto (por lesão) dos habituais titulares.
Como jogador não me dizia muito (talvez falta de atenção minha), espero que ultrapasse os seus problemas pessoais, mas nem consigo desejar o seu regresso, pois creio que não vamos sentir a sua ausência.

abraços

Luizinho disse...

Caros,

Eu também não sou um grande apreciador das qualidades do Luís Aguiar e não me oponho, de nenhuma forma, a que ele não exerça a sua actividade profissional no nosso clube. Contudo, caro Manuel Mendes, a questão que coloco tem que ver com a fórmula jurídica utilizada neste caso. Porque é que o Sporting suspende o contrato e não se limita a emprestar o jogador? Onde é que está a diferença? Se o Sporting emprestasse o atleta ao Peñarol até Junho de 2012, ficando aquele clube responsável pelo pagamento dos salários ao atleta seria um empréstimo. Assim é o quê? Porque é que lhe chamam uma suspensão do contrato. Não compreendo.

Anónimo disse...

Caro Barbosa, apesar de igualmente sem like, concordo a 100% com a sua análise.

Caro Luizinho, creio que a resposta à questão pode conhecer 2 caminhos distintos, mas ambos com base na mesma premissa - em momento algum do comunicado se refere o empréstimo do Luís ao Penarol.

Assim, os caminhos são:

1.º - Luis Aguiar não vai para Penarol, mas para outro clube do Uruguai ou da América Latina (fica spr mais perto do que aqui, no velho continente);

2.º - Assumindo que a hipótese é Penarol, o Sporting pode não ter chegado a acordo com o Clube para o empréstimo imediato do jogador.

Agora imagine que Penarol até o aceitava de imediato mas só pagava 50% dos salários? Ou que apenas o aceitava no pressuposto de este estar em condições de jogar no período máximo de 1 mes, sob pena de voltar para SCP? Ficavamos de novo com eles nos quadros (sem condições psicologicas) e a gastar uma fortuna?

Mais uma vez, realço que a solução do contrato me parece ser a melhor solução, na medida em que da mesma não resultam quaisquer riscos para SCP e que ficamos livres de encargos e riscos pelo período de 1 ano.

A suspensão não é mais do que uma pausa. É como pedir um tempo à namorada da qual ainda se gosta muito, mas o chamamento para a coboiada é imensamente forte. Se se acaba com a relação de vez é um risco pois ela pode encontrar outro. Se se pede um tempo, o risco é diminuto, pois ela sabe que se vai voltar e vai-se mantendo por perto.

Abraços

Rui disse...

Além de que a namorada não se empresta...

Anónimo disse...

Luizinho,

Só dizer que aconteceu o mesmo, por exemplo, com David Beckham, ao serviço dos LA Galaxy, quando veio jogar para o Milan...