Quando se soube que o jogo do Iordanov afinal, e graças aos tribunais, afinal ia mesmo para a frente o Oceano mandou-me o link para o vídeo que têm aqui nesta posta. Ao rever o vídeo não deixo de ficar atónico com o contraste entre as esperanças que naquele momento se cristalizavam em torno de uma rara conquista, uma massa associativa absolutamente fiel e apaixonada, um conjunto de jogadores de valor e que sentiam o clube, de facto, e o futuro que se aproximava. Ao ouvir e relembrar Iordanov, Balakov, Vujacic, Marco Aurélio, Carlos Xavier ou o Filipe não consigo deixar de sentir que aquelas pessoas se sentiam, de facto, bem entre nós. E as saídas de quase todos eles foram tristes e conflituosas, ainda que tenham sido figuras absolutamente centrais na vida do clube que viveram a transição entre o buraco de Jorge Gonçalves e o advento da SAD. Registei expressões como "acabámos com esta brincadeira de 13 anos", "agora vamos ganhar mais coisas", "é uma nova página que se abre", "o início de uma nova era". Essa era, de facto, já se encontrava no relvado.
Santana Lopes, recém eleito presidente e mandatado para implementar o Projecto Roquette, não teria pudor em considerar o título como seu, face a um Sousa Cintra remetido aos bastidores e injustamente esquecido. O referendo mais cruel da história do Sporting estava em preparação. Pouco tempo depois desta rara conquista receberia em casa um envelope onde me exortavam a optar por uma modalidade a manter entre três: andebol, basquetebol e voleibol. Escolhi o andebol, que vai este ano à final da Taça Challenge. Todas as outras modalidades profissionais (e não amadoras, como por aí ainda é costume dizer-se) seriam extintas, com excepção do atletismo. Seguir-se-iam catrefadas de treinadores, não sei quantos projectos financeiros, não sei quantos golpes palacianos, presidentes, comunicados à CMVM e projectos imobiliários. Não sei quantas alienações de património, assembleias gerais escaldantes e uma dívida galopante entre muitas e muitas e muitas contratações de jogadores sem nexo quase nenhum. A este propósito vale mesmo a pena ler a posta de Kovacevic que analisa as últimas 57 contratações do Sporting. Deixei para o fim, e propositamente, o Figo e o Peixe. A formação já dava craques de primeira já nessa altura A.S. (antes de S.A.D.). Eles já eram mal aproveitados já nessa altura. Ainda assim, e olhando para a lista de Kovacevic, foi dentro de portas que criámos os nossos melhores jogadores ao longo dos últimos anos. Foi na manutenção de alguns valores seguros que construímos boas equipas. Agora, a bem da circulação do dinheiro, e num clube falido, compramos 8 e 9 jogadores de merda por ano que no ano seguinte se vão embora. Milhão a milhão se cria um buracão. Na escolha do adjunto da casa para Paulo Sérgio pesou mais a amizade de Costinha do que o serviço efectivo ao clube. Homens como Litos ou Paulo Torres foram esquecidos em detrimento de Nuno Valente, que é sobretudo um amigo de Costinha. É sobretudo um tipo que vai vigiar o treinador.
Em quase todas as áreas da vida do clube a SAD parece ter trazido muito pouco de novo. O que se fazia bem continua a fazer-se. O que se fazia mal também se continua a fazer. Agora o que não consigo deixar de notar é que aquele instante cheio de promessas de uma nova era que se abria se revelou um pesadelo interminável. Ganhámos muito pouco depois daquele momento mas perdemos muito. Perdemos sobretudo a noção de quem somos e a capacidade de nos rodearmos de pessoas entusiásticas, com uma certa dose de ingenuidade, genuinamente felizes por se encontrarem entre nós e com palavras bonitas e simpáticas no momento da despedida. Pessoas competentes a quem se dá estabilidade mas que também amam o clube. Eu tenho saudades dessa merda! Tenho mesmo muitas saudades. Quarta-feira lá estarei para as assassinar a sangue quente. Quarta-feira vamos ter um bocadinho do NOSSO SPORTING de volta. Iordanov Forever! Já ando a cantarolar: "a terra estremeceu e verde se tornou", la, la la, la, la, la, la, la e por aí fora.
9 comentários:
Muito bom!
Grande posta !!!
obrigado pela referência
quanto ao post, excelente, mostra o pior de todos os males: o sporting está a perder a alma.
Q saudades!
Gde Mochilas :)
Amanhã é dia de divertirmo-nos...At last...
Abr.
Onde está o meu Sporting?
Estive lá no estádio, sozinho, no ponto mais alto da bancada B2 para dar a valente salva de palmas que o Iorda sempre mereceu. Pelo meio, ainda pude dar mais uma salva de palmas ao grande matador Acosta por ter contribuído para me darem uma grande alegria na minha vida com o título de 99/00.
Só foi pena não estar o Balakov - meu grande ídolo de criança e jovem adolescente - e o Schmeichel - meu sonho de guarda-redes.
Nunca na minha vida me deslocaria de forma excessivamente apressada a Alvalade, como fiz ontem, se de verde e branco estivessem os Moutinhos, as Floribellas e os Patíssimos. Valeu mais ouvir os cânticos ao Acosta, Sá Pinto, Beto, Marco Aurélio, André Cruz e tantos outros ídolos durante os 90 minutos de ontem do que esta época e a anterior juntas.
Viva o Sporting!
PS - Já agora Luizinho, e que tal a emoção quando o teu homónimo entra com a sua corrida lenta, ainda transpirando classe, para jogar os últimos 10 minutos?
Iorda, esse sim, 4ever!!!!!!
Não pude ir, mas não quero deixar de assinalar este evento e solidarizar-me com o que aqui fica escrito (posta e comments).
É impressão minha ou a silly season no Sporting desde o Verão passado que não acabou?
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