sábado, 29 de junho de 2013

Plano de reestruturação II ou talvez não...

A Associação de Adeptos gosta, o Conselho Fiscal Independente gosta, o Godinho gosta, o Ricciardi gosta. Toda a gente gosta. De repente, tudo está unido em torno do plano de reestruturação que irá amanhã ser apresentado aos sócios. Finalmente há união no clube.

Este consenso esmagador, talvez até mesmo dilacerante, resultou num debate francamente pobre sobre o que amanhã irá ser decidido. Uma volta nos blogues e ele é Gélson, ele é Bruma, ele é tudo menos a AG de amanhã. foi toda a gente apanhada com as calças na mão. Os croquetes porque o plano é igual ao deles. A antiga oposição, ou pelo menos aqueles dentro da oposição que se preocupavam com a gestão do clube, porque foi entalada por esta proposta e agora sente-se na obrigação de votar a proposta do seu candidato, em quem também votei, com gosto e até prazer, diga-se. Existe um motivo, e apenas um, na minha opinião para votar a favor do Plano. Impedir que esta direcção caia. O resultado dessa queda seria o retorno inevitável da anterior ordem de coisas. Para quem lutou durante anos contra o Projecto Roquette seria uma tragédia. Compreendo bem o problema. Mandar o Godinho borda fora também foi uma das maiores alegrias da minha vida.

O meu problema é que em versão um pouco melhor e mais bem negociada e pensada o Plano que Bruno de Carvalho apresenta é em tudo semelhante ao que havia sido proposto por Godinho Lopes. Assim, sendo, e não tendo ainda decidido defintivamente o meu sentido de voto não me sinto minimanente inclinado a dar o meu aval a esta reestruturação. Bem sei que o candidato II reviu algumas das posições do candidato I. Eu é que ainda não alterei a forma como vejo o Sporting. Não vou votar numa esperança futura nem vou votar pela confiança que tenho ou deixo de ter em quem propõe o plano. Evoco em minha defesa o próprio Bruno de Carvalho.

 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Carta aberta a Bruno de Carvalho

Boa tarde caro Presidente. Como refere o Luisinho, a discussão no núcleo da última roulote tem sido franca, aberta e acesa. Eu sou daqueles que considera que há ainda muitas coisas obscuras que me permitam votar em consciência no próximo domingo. Tudo isto parece muito projeto empresarial, que tão maus resultados deram no nosso clube. Eu que sou empresário e gestor não gosto de ver as minhas coisas tratadas pela via exclusivamente empresarial, no que diz respeito ao nosso Sporting. Não percebo porque não pode apresentar as 3 alternativas que falou a votação, explicando aquela que acha melhor e porquê. Os bancos e outros "investidores" deveriam saber que nesta industria, sim é-o de facto, os sócios/adeptos/simpatizantes, são parte integrante. As SAD têm tendência para esquecer isso. Sei que partilha da ideia de o Sporting manter a maioria na SAD. Mas como o próprio presidente reconhece, há contratos, legalmente assinados, que assumem compromissos que tornam, na prática, essa maioria alvo de chacota e riso. Nós todos, o Sporting, temos visto toda a gente ganhar dinheiro, e muito, e no final temos a maioria do capital e das dívidas. As SAD são a solução neo-liberal para a indústria do desporto e como tal só trazem desgraça aos clubes, i.e. sócios/adeptos/simpatizantes. Escrevo-lhe esta carta porque gostaria que no Domingo me explicasse como é que a direção do Sporting pode garantir aos sócios, não por palavras mas por meios legais, que tudo isto não acaba em mais um cheque em branco. Porque votar a favor só porque me deu a alegria de correr com o Godinho Lopes, que é talvez uma das maiores prendas da minha vida, é pouco. Desculpe, mas é pouco. Até domingo. PC

terça-feira, 25 de junho de 2013

Plano de reestruturação - primeiras notas

Temos estado, aqui na Roulote, a tentar perceber o que significa este plano de reestruturação para o Sporting. Deixo aqui, em jeito se síntese,  umas breves notas das diversas posições para que se possa avançar com o debate, que quer nos blogues quer na imprensa tem sido francamente pobre. Espero ter sido justo com todos os contributos da discussão que temos mantido por e-mail.

1 - É necessário reconhecer que o Plano de Reestruturação que vai ser apresentado aos sócios pela Direcção liderada por Bruno de Carvalho é, em muitos pontos, semelhante aos planos apresentados pelas anteriores direcções.

2 - Aparentemente há algumas diferenças importantes face ao que foi apresentado por anteriores direcções, a nível de spreads, prazos, e outras condições mais benéficas. No entanto não deixaremos de estar ligados à máquina durante longos anos. A questão da maioria do capital da SAD é salvaguardada neste momento. Voltar-se-á, porém, a colocar no futuro.

3 -  No essencial, o plano reproduz a lógica dominante no Projecto Roquette. Expropriar o clube e transferir todo o património para a SAD.

4 - A gravidade da situação a que o clube chegou impõe alguma precaução antes de tomar uma decisão definitiva no sentido de voto. Para alguns de nós,  e justamente pela gravidade da situação, o Plano  é aceitável desde que a "marca" Sporting se mantenha no clube e que não seja transferida com a Património e Marketing para a SAD.

5 - Para outros, o Plano, por padecer dos mesmos problemas estruturais dos que foram anteriormente apresentados, reproduz a lógica da suborndinação do Sporting Clube de Portugal a interesses que lhe são alheios e a insistência numa lógica empresarial e mercantil claramente ineficaz e falida. Para estes, valeria seriamente a pena considerar a hipótese da insolvência.

6 - Os sócios deveriam ter a possibilidade não só de votar a favor ou contra o plano que será apresentado, mas de escolher entre as três alternativas que Bruno de Carvalho avançou ontem: reestruturação financeira, plano especial de revitalização, insolvência.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Notas do tempo de uma outra crise

O Sporting é um manancial de surpresas. Quando tem equipas famosas-invencíveis não ganha títulos. Mas quando nós principiamos de dizer que não tem médios, que não tem avançados, que não tem defezas, que não tem...perdão guarda-redes há sempre, é certo e sabido que os campeonatos lhe caiem no papo...
Norte Desportivo, 04-03-1943

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pedro Baltazar - Best of

1 - O candidato que odeia o clube - Março 2011
Pedro Baltazar apresenta-se como o candidato da ruptura inteligente. Para efectuar essa ruptura traz consigo Pedro Santana Lopes, o homem que iniciou formalmente o desmantelamento do clube e deu início ao projecto Roquette. O homem que lançou o mais miserável referendo da história do Sporting em que convidava os sócios a matar duas modalidades desportivas do clube. O homem que instaurou a 13ª quota e deixou o clube com menos 15 mil sócios. O homem que usou o clube como trampolim político. Baltazar, recorde-se, lidera a Nova Expressão, agência de meios e publicidade, que tem na Controlinveste de Joaquim Oliveira o seu maior e quase único cliente. Pedro Baltazar que, recorde-se, obrigou a direcção anterior a comprar as suas acções ao dobro do preço que elas valiam no mercado, de modo a não ter qualquer prejuízo com a sua saída da SAD. Mas mais grave do que tudo isso, como se não chegasse e não fosse vergonhoso  é Baltazar concorrer à presidência de uma instituição cujo papel na gestão da SAD não só recusa como despreza.

2 - Negócios da China - Dezembro  2011
As acções da SAD andavam a ser negociadas aí na casa dos oitenta e poucos cêntimos. Mas eu, génio das finanças, fui fazer as complicadas contas e dividi os 4.930.000 euros pelas 2.645.000 acções. Deu 1.99. Isto é, o Sporting comprou as acções ao Baltazar a praticamente dois euros. Isto é, mais do dobro do preço de mercado. Não sei a quanto é o grande "sportinguista" - como disse em tempos um ilustre centurião (é ver nos arquivos da Roulote, amigos) - as comprou mas, com certeza, não deve ter perdido dinheiro 

3 .  Fissuras - Dezembro 2011
"Constatamos que fizemos uma má avaliação da possibilidade de, no actual contexto, poder vingar um projecto empresarial que seja uma base sólida de sustentação para vitórias desportivas. Temos a firme intenção de voltar a investir no Sporting no futuro, reafirmando a nossa profunda convicção de que as SADs devem ser dirigidas por quem de facto investe e está disponível a participar de forma relevante na sua estrutura accionista, seguindo os melhores modelos das sociedades desportivas europeias”.

Notícias do cerco ou a vez de Baltazar

A empresa Nova Expressão SGPS, propriedade do antigo candidato à presidência dos leões Pedro Baltazar, avançou com uma ação de penhora sobre a Sporting SGPS no valor de cinco milhões e meio de euros, relativa à venda de ações da SAD leonina acordada em Dezembro de 2010 entre as partes. Na altura, o Sporting comprometeu-se a pagar dois euros por ação do lote que a empresa estava a vender ao clube, dando como garantia de pagamento o passe de Daniel Carriço, então avaliado pela totalidade da dívida.

Duas ou três notas rápidas. Baltazar foi candidato à presidência do Sporting e não parece, com toda a legitimidade, ter abdicado das suas ambições. Diz que é um grande sportinguista. Ainda me lembro do tempo da campanha eleitoral em que mentes brilhantes defendiam a perda da maioria do capital da SAD para Balatazar porque estamos na presença de uma "posição sportinguista". Entre o bolsista e o sportinguista já sabemos para que lado é que pende o coração de Baltazar.  Este grande sportinguista,  dizia, resolveu accionar uma penhora sobre o SCP num momento em que se prepara uma restruturação financeira. A Direcção anterior negociou, com este tipo,  uma recompra de acções da SAD a dois euros cada uma. Faz lembrar o negócio do Cavaco com o BPN. Quem é que se lembra da última vez que as acções do Sporting valeram dois euros em mercado? O Carriço, cujo passe avalizava a totalidade da dívida, foi transferido, segundo consta, por 750 mil euros. O assunto não devia estar já resolvido?  Pode ser que a auditoria também esclareça qualquer coisa a este respeito.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O futebol como laboratório - Istambul

Já aqui tínhamos chamado a atenção para o papel dos adeptos de futebol e na construção da versão egipcia da Primavera Árabe. Ou seja, nem todos os adeptos e apreciadores da modalidade são alienados culturais, desligados do mundo que os rodeia. Na Turquia, essa tradição de intervenção das claques na vida social e política é antiga. Para dar um exemplo caricato, algures no passado adeptos do Besiktas e do Fenerbache colocaram de lado as suas diferenças para lutar em conjunto contra a caça à baleia. I shit you not. Os recentes protestos naquele país, que se iniciaram em Istambul e entretanto se estenderam a outras cidades do país. mostram um outro lado desta realidade. Um lado que também nós por cá conhecemos: as tácticas policiais de repressão e controlo dos adeptos de futebol classificados, genericamente, como categoria social perigosa. Longe das câmaras de televisão, todas as técnicas repressivas que agora são utilizadas contra os manifestantes nas praças turcas, já haviam sido testadas nos adeptos. No caso português esse parece, apesar de tudo, e apesar de não ser uma dimensão desprezível,  ser o lado menos gravoso do que se vai passando no mundo do futebol. A constituição das SAD's e os esquemas de circulação de capital entre aquelas, fundos, bancos e empresas de construção fazem, também em Portugal, do futebol um laboratório privilegiado a partir do qual se podem interpretar processos que se estendem para outras esferas da vida e que daí provenientes também procuram colonizar o futebol, subtraindo-lhe algumas das características que o tornam num mundo à parte. Como dizia o outro, alienado é a tua tia. Vale a pena ver com atenção o artigo linkado em baixo. Pedíamos desculpa pela interrupção e voltaremos à emissão normal logo que possível.

Yet the recent demonstrations have seen a remarkable solidarity among fans. Traditional enmities have been put aside to fight the common enemy of the police. Opposing fans have been glimpsed arm-in-arm in scenes that would have been unthinkable only a week ago.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O cerco

O cerco à nova direcção do SCP tem vindo a apertar-se nos últimos dias. Não falo dos dois ou três blogues que se opõem à direcção liderada por BdC com a mesma intensidade com que defendiam aquela coisa que estava lá antes. Para além das negociatas dos empresários, meio motivadas por razões políticas - contribuir para o descrédito de BdC - e meio económicas - aproveitar o estado em que se encontra o clube para fazerem os negócios que querem ou esperam fazer sem grande oposição - temos assistido nos últimos dias a um rol imenso de personalidades a opinarem sobre o SCP. Começou com o FCP. Continuou com esse grande lateral esquerdo que é Joãozinho que se acha no direito de mandar bitaites sobre o Patrício. Vai prosseguindo com notícias manhosas com periodicidade diária na imprensa da especialidade. Agora chegou a vez os tipos do Cercle de Brugge virem mandar umas bocas sobre o William Carvalho. Em circuntâncias normais nada disto mereceria grandes comentários. Todavia, aquilo que se vai observando é que todas as estruturas, organizações, agentes e palhaços vários ligados ao antigo regime fazem uma perninha no circo que se tenta montar em torno do Sporting. Isto não significa que BdC esteja a fazer tudo bem e que seja simplesmente a vítima de uma cabala. Mas é necessário relativizar algumas questões deste dia-a-dia estupidificante face à forma como muita gente vai trabalhando para destabilizar o clube. A resposta ao cerco não tem necessariamente de ser a mentalidade de cerco. O Porto paga, todos os dias, com a alma os títulos que essa mentalidade lhe deu. Nunca serão mais do que aquilo. O nosso caminho tem de ser o da transparência e da verdade. Manter os sócios informados sobre o que se vai passando é mais de meio caminho para assegurar a transformação que todos desejamos.